27 de abril de 2024
Junia Turra

Ano Novo, vida nova?

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Não… Ano Novo, tudo velho.
Entra ano, sai ano. O que é novo, nem sempre é novidade, não é verdade?
Trate de mudar conceitos fajutos, preconceitos inúteis, superficialidades e canalhices vãs: se não der para mudar de espaço físico, mude-se. Aliás, mudar de endereço, nem se for para o além dá jeito na mesmice que cabe a cada um de nós.
Errou, dê a mão à palmatória. Vai lá e diz: pisei no tomate, desculpa aí… Se não desculparem, se desculpe.
Ninguém nasceu sabendo. Mas há errinhos básicos que são imperdoáveis – como o erro pós-modernidade: se achar no direito de partilhar a privacidade daqueles que te acolhem como um dos seus sem consulta prévia, sem medir consequências.
Em tempos de tecnologia, poste a sua foto cagando, mas nao poste a privada do outro. Nem todo mundo quer ser Big Brother. Nem todo mundo usa tecnologia para ser vitrine de grupo de gente que pouco importa. Entao vá na raiz da coisa e mude o seu jeito, e aquele trejeito incomodativo, o vício chato, o resquício cultural de falar dos outros, de ficar de olho na tragédia alheia, de querer que aquilo que é melhor caia por terra.
Exemplo: agradeço penhoradamente a todos que se preocuparam comigo pelo atentado no mercado de Natal em Berlim, ainda que eu estivesse no extremo oposto e a maioria das pessoas que me escreveu sabe muito bem dessa Geografia. Não estavam preocupadas comigo não. É um ato repetitivo de se posicionar como correto e dizer: coitaaaada, a Europa ruiu.
Não queridíssimos, aprendam a pensar e a repensar seus conceitos – para uma Europa que está a anos-luz de lugares como a Terra Brasilis, que já passou por peste, fome e guerra, e batalhas e sempre tratou de cuidar de sua pequeneza por serem muitos diferentes um ao lado do outro, um imbecil que explode 12 pessoas e deixa vários feridos é algo gravíssimo. Liberdade, respeito, igualdade do ser: homem e mulher e o que mais você quiser – cidadania com o maior número de pessoas tendo o que todos tem e até a minoria miliardária vivendo dentro do padrão social e não egocentrista.
Então… quantas pessoas mesmo foram mortas na festinha no Brasil ? O pai matou a ex, matou o filho e bambambam. Atentado? Maluco por maluco, estamos quites, hein? E foram 60 no presídio? Mas e se somarmos o que vem na estatística de cada distrito policial naquele dia? Deixa Aleppo no chinelo. E você vai se dar conta disso?
Preocupe-se consigo mesmo. O que eu ouvi de “bem feito para a Europa” com a sandice de MerDel enfiando nenhum velhinho ou criancinha vítima da Guerra da Síria, mas abrindo a porteira para vagabundos – só homens entre 20 e 35 anos vindos da Argélia, Marrocos, Iraque, Paquistão, Afeganistão – está sendo enfiado no Brasil de quem falou. Ah, e com passaporte comprado na cara dura pelos safados que vendem o documento ou por leis e facilidades de políticos tão safados quanto os que vendem o documento.
E a pessoa está preocupada com a Europa e inflada com aquele sentimento vil de “ter amigos na Europa mas bem que eles e a Europa podiam se ferrar porque eu estou num país que deixa a desejar”. E o preço pela bisbilhotice, pelo foco na vida alheia, pela falta de atitude, pela superficialidade latente é este que você está tendo e sequer percebe.
Come todos os dias agrotóxico e bebe cicuta em doses homeopáticas e posa de Superstar. Enquanto isso boa parte do mundo vive de forma bem modesta, feliz com pouca coisa e focado em si mesmo. “Eu te desejo boa sorte. Me deseje também, mas se tentar me fazer mal, cuidado, acabo com você também” (ditado popular).
Acorda pra vida ou o Ano Novo não chega nunca!

Junia Turra

Jornalista internacional, diretora de TV, atualmente atuando no exterior.

Jornalista internacional, diretora de TV, atualmente atuando no exterior.

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