2 de maio de 2024
Colunistas JR Guzzo

Plano de Lula para BNDES é busca de um calote e o pior negócio para pagadores de impostos

A única função do banco é servir ao Brasil, não dar dinheiro a ‘países pobres’

O governo Lula ainda nem completou o seu primeiro mês e o presidente, mais os marechais de campo da sua “equipe econômica”, já anunciaram o que tem tudo para ser o pior negócio, ou um dos piores, que o Brasil pode fazer nos próximos quatro anos com o dinheiro dos pagadores de imposto deste país. É o que se chama de “desastre contratado” – uma dessas armações financeiras que conseguem, desde o seu primeiro minuto de vida, não ter nenhuma possibilidade de dar certo. Começam com taças de champanhe na hora de assinar o papelório do contrato. Acabam em lágrimas para os pobres diabos que vão pagar cada centavo do que for gasto e, no fim, receberão do governo a notícia de sempre: “Sabe aquele empréstimo que a gente fez com o seu dinheiro? Pois é. Dançou”.

Presidente Lula, em encontro com o presidente da Argentina, Alberto Fernández. Foto: Gustavo Garello/AP Foto

Foi o que aconteceu na primeira passagem de Lula pelo governo: o BNDES emprestou alguns bilhões de dólares para a construção de portos, aeroportos, metrôs e outras obras em “países latino-americanos” e levou um calote espetacular numa porção de contratos. Não se sabe ao certo, até hoje, o tamanho real do prejuízo. Uma das cifras mais citadas indica que o Tesouro Nacional entregou ao BNDES acima de US$ 850 milhões para compensar o banco por dinheiro que Venezuela, Cuba e outros países dessa categoria receberam do governo Lula, e nunca pagaram. “Tesouro Nacional” quer dizer, sempre, dinheiro da população, direto na veia – esse que você paga a cada vez que abastece o tanque do carro, compra 1 quilo de arroz ou acende a luz de casa. Querem fazer precisamente a mesma coisa, de novo – e não explicam em nenhum momento por que haveria resultados diferentes desta vez.

A festa, agora, é a entrega de US$ 700 milhões ou US$ 800 milhões do BNDES, ou Deus sabe quanto ao certo, para a construção de um gasoduto na Argentina. Está tudo errado nessa história. A Argentina está devendo mais de US$ 40 bilhões só ao FMI, não paga e ameaça os credores com mais um mico. A garantia é o gás que “será produzido” em algum momento do futuro. Os juros são baixos – nem a China aceitou cobrar tão pouco. O projeto é conhecido como gasoduto de Vaca Muerta – isso mesmo, Vaca Muerta, acredite se quiser. A obra será construída, é óbvio, com a participação das grandes estrelas da Operação Lava Jato – as empreiteiras nacionais que confessaram por escrito a prática de crimes de corrupção, devolveram dinheiro roubado e tiveram diretores cumprindo pena na cadeia.

O negócio todo se baseia numa ideia doente – a de que o BNDES tem o dever de dar dinheiro a “países pobres”, para promover o seu “desenvolvimento”. É falso. A única função do BNDES é servir ao Brasil.

Fonte: Estadão

J.R Guzzo

José Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro, colunista dos jornais O Estado de São Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste, publicação da qual integra também o conselho editorial.

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José Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro, colunista dos jornais O Estado de São Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste, publicação da qual integra também o conselho editorial.

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