Uma lenda é forjada, muitas vezes, não apenas pela sua área de atuação – mas também pelo que representa fora dela. Foi o caso de Anna Mae Bullock, conhecida no mundo inteiro simplesmente como Tina. Tina Turner. Tina tornou-se uma lenda não apenas – e já seria o bastante – por ser uma espetacular cantora de blues, soul e rock. Mas também, e talvez até principalmente, por sua vida.
Nasceu no Deep South americano, colheu algodão em fazendas, cantou em corais de igreja – a grande escola de cantores dos U.S.A. – , trabalhou como empregada doméstica, casou com um homem abusivo, que era também a outra metade de sua dupla musical. Em resumo: comeu o pão. O pão. Até que livrou-se de tudo que a tolhia e escravizava em seu passado, lançou-se em carreira solo, atuou no cinema, teve música em filme de James Bond, fez um show para 185.000 pessoas – 185 MIL – no Maracanã… tornou-se uma lenda, enfim. E é essa lenda, uma das últimas, que nos deixa.
Dizer que Tina deu a volta por cima é clichê. Ela deu a volta, sapateou como Fred Astaire, gingou como só ela sabia fazer ao cantar “Proud Mary”… Dizer que Tina mereceu o sucesso e cada lágrima de alegria que escorreu por sua face é pouco.
O sucesso é quem mereceu Tina Turner.
Proud Tina.
Simply the Best.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.