10 de maio de 2024
Colunistas Fernando Fabbrini

Sem remédio

Foto: Hélvio

Faltam vacinas para as doenças nacionais.

De repente, como se anunciasse o encerramento de algum evento ou solenidade, a OMS decretou que a pandemia acabou. Simples assim? Acho que não. Restam no ar perguntas inquietantes e dúvidas cruciais. Terá sido mesmo uma criação lamentável da natureza ou alguém – como dizem –andou sujando a água de propósito para vender filtros e ganhar bilhões?

Os casos de mortes súbitas de jovens saudáveis por cardiopatias – praticamente ocultados pela mídia – podem ser considerados efeitos colaterais do experimento? Análises já levantam hipóteses da suposta inutilidade contra o patógeno mesmo após sequência interminável de doses. Outras sugerem que, quanto mais vacinas recebe, mais vulnerável fica o organismo. Vamos aprofundar essas pesquisas? Ou deixamos pra lá?

Já outros grupos pregam que somente após a vacinação geral e compulsória todos os cidadãos poderão circular em paz exibindo seus comprovantes à Polícia Popular Vacinal. Quem se recusar será obrigado a usar uma braçadeira com estrela. Porém, de minha parte, insisto antes na necessidade de enfrentamento de velhas moléstias que nos afligem e que afetam certos perfis humanos.

Um grupo de risco importante e até agora desconsiderado é aquele dos políticos, já que a classe é especialmente sensível a um antiquíssimo vírus, de etiologia desconhecida. Apesar de tantos esforços e pesquisas, essa velha e ardilosa praga jamais foi tratada e extinta desde o primeiro caso, ocorrido há séculos, quando um indivíduo do sul da Judeia amealhou 30 moedas para trair seu amado líder e mentor.

Insidiosa, hoje essa mesma enfermidade mostra seu poder devastador nutrindo-se de cofres de paraísos fiscais, de malas repletas de numerário em espécie e, cada vez mais, da próspera cultura de vegetais da região andina. Se contaminado, um descuidado membro da classe política esvai-se de toda e qualquer dignidade, coerência, princípio filosófico ou moralidade, tornando-se obcecado somente pelos dígitos de sua conta bancária.

Alguns profissionais da mídia impressa, falada, televisionada e digitada necessitam receber imunizantes especiais contra um deletério vírus – também não identificado – que causa psicoses, cegueira e fixação doentia, além de desequilíbrio postural. Quando acometidos dessa cepa, os pobres comunicadores entram num torpor delirante, que afeta de modo desastroso suas memórias e discernimentos.

Entre outras anomalias, passam a ocultar fatos gravíssimos e asquerosos do passado enquanto alardeiam insignificâncias em manchetes de primeira página – sintoma claro e preocupante dos casos. Supõe-se que a origem do referido microrganismo seja o ambiente acadêmico. Transmitido pela fala, redes sociais, aulas, conversas de bar, aglomerações estudantis e sindicais, espalha-se rapidamente via contato com câmeras e microfones de redações e estúdios.

Essencial, ainda, seria a proteção urgente dos valorosos membros da Justiça assoberbados pelo trabalho intenso, estressante e malremunerado. Apesar de tantas adversidades, estão sempre a postos para libertar desafortunados traficantes das penitenciárias e devolver-lhes seus helicópteros, iates, automóveis, propriedades luxuosas à beira-mar e outros bens obtidos com o suor do trabalho. Por outro lado, sob a égide “a liberdade não é um direito, é uma emoção”, não hesitam em manter encarcerados perigosos terroristas que visam à derrocada do Estado democrático de direito disfarçados de inofensivos aposentados, donas de casa e patriotas.

Num curto período recente, o Brasil até que esboçou reações: ativou seus anticorpos e defesas naturais, contra-atacou os inúmeros males e buscou o saneamento desde as raízes. Mas parece que foi inútil. Os vírus de sempre se camuflaram como benéficos; conseguiram mutações escandalosas, uniram-se em simbioses e cópulas absurdas, reproduziram-se e estão de volta, sugando toda a energia da nação.

O Brasil tem cura? Não sei, não.

Fonte: O Tempo

Fernando Fabbrini

Escritor e colunista de O TEMPO

Escritor e colunista de O TEMPO

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