Quando falamos em leões, imediatamente pensamos em um bando de felinos, em geral gordos e com ar satisfeito, descansando na savana africana. Mas e se os tempos mudam? E se a savana se torna mais árida, se os humanos pressionam o habitat, se a comida começa a faltar?
Foto: Simon Needham
A região desértica de Samburu, no Quênia, abriga uma rara população – os leões solitários. Que descobriram que viver em bando pode não ser uma vantagem. Ao contrário.
Os leões de Samburu aprenderam a viver sós, com menos alimento e uma população humana próxima. E, nesse mundo, eles não apenas sobrevivem – eles prosperam.
Estamos em uma situação parecida. Como os leões de Samburu, nos descobrimos em um deserto. Um deserto de ideias.
O alimento, cultural e espiritual, escasseia.
Os inimigos estão à nossa volta – e são multidão. Nos percebemos cada vez mais sozinhos.
Mas os leões do deserto são mais resistentes, fortes, resilientes, orgulhosos e astutos do que quaisquer outros. Nosso tempo exige que sejamos leões. Mas não os leões flácidos e acomodados dos cativeiros dos parques nacionais.
O deserto esculpe o leão solitário.
Que o deserto em que vivemos nos esculpa também.
(Texto: Joseph Agamol )
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.