29 de abril de 2024
Colunistas Joseph Agamol

O fim da era dos gigantes

Eu era um guri de 8 anos que morava na periferia do Rio, zona norte, nos idos dos anos 70. Em minha casa havia uma vitrola de móvel, com um toca-discos de agulha, no qual eu punha para tocar, até furar, um compacto simples de Elton John: de um lado, “Goodbye Yellow Brick Road”, do outro, “Bennie and the Jets”. Mas eu ouvia Elton nas rádios também, a Mundial e a Tamoio, ambas AM: a frequência FM surgiria só nos anos 80.

E ouvia “Rocket Man”, claro, “Skyline Pigeon”, “Daniel” e aquela que, para mim, talvez seja a mais simples, bela e perfeita declaração de amor de todos os tempos: “Your Song”, obra-prima de Elton e do seu letrista fiel, Bernie Taupin.

Hoje eu soube que sir Elton John fez, no sábado, dia 8 de julho, aos 76 anos, o último show de sua longa e frutífera carreira. Fiquei triste, claro, primeiro por ter o cantor produzido uma parte significativa da trilha sonora da minha infância. E depois porque a partida de Elton representa mais um passo em direção ao fim da Era dos Gigantes. Estão indo, todos, e um dia não restará mais nenhum.

O que me conforta, um pouco, é a mesma sensação que tive ao concluir a leitura de “O Senhor dos Anéis”: eu sempre poderia retornar ao início e ler/ ouvir tudo de novo. Como disse o mago Gandalf, antes da partida de Frodo nos Portos Cinzentos, deixando seus amigos do Condado:

“Não vou pedir que não chorem, pois nem todas as lágrimas são um mal.”

Para lembrar que, um dia, gigantes caminharam pela terra – e eu tive a sorte de vê-los.

Good bye, Mr. Elton John. E obrigado.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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