3 de maio de 2024
Colunistas Ilmar Penna Marinho

Brasil, a terra dos milagres

O Projeto de Transposição do Rio São Francisco (PISF) é um dos mais importantes projetos sociais do Brasil, tendo por objetivo primordial, o de levar água para regiões secas e semiáridas do Nordeste brasileiro, por meio de dois eixos, que partem de Pernambuco, ás margens da divisa do Estado da Bahia.

Além de garantir a segurança hídrica da Região, o projeto consagra a meta civilizatória de contribuir para a milagrosa transformação de regiões pobres e áridas em áreas produtivas.

Estima-se que 12 milhões de habitantes seriam beneficiados em 390 municípios da Região.

O projeto original data de 1985. Mas, na verdade, a obra só se iniciou em meados de 2006.

A previsão era para ser concluída em 4 anos, mas infelizmente, sofreu múltiplos atrasos, por diversa justificativa, como por exemplo:

  • A falta de aportes financeiros para suprir os altos custos envolvidos (mais de R$ 14 bilhões);
  • A delonga do gradual aprimoramento dos sistemas de tratamento de água na maior obra de infraestrutura hídrica do Brasil;
  • A intervenção política no curso de seis governos na esfera federal.

Nos palanques erguidos nas inaugurações dos sequenciais trechos da obra, os presidentes seguiam o ritual de prometer que nos seus mandatos concluiriam a transposição, tudo para que as promessas virassem votos.

O atual presidente inaugurou a Elevatória de Água Bruta no município de Arco verde, distante 256 km da capital Recife, e evocou os tempos de hóspede da carceragem de luxo na Polícia Federal, em Curitiba, com banheiro privativo, TV, visitas e confortável sala de reunião.

Só cumpriu 580 dias da pena de 9 anos de 8 meses por corrupção e desvios de verbas públicas.

No palanque, diante de uma plateia sertaneja e com correligionários e figurantes pagos pela União, fez um pronunciamento recheado de perguntas e alusões religiosas:

  • “Vocês votarem em mim. Foi um ato de fé, de que um milagre estava para acontecer neste País”.

Em queda de popularidade, nos 17 minutos do “cá estou eu”, repetiu 16 vezes a palavra “milagre”, 11 vezes “Deus” e 5 vezes “fé”.

No dia 21 de abril, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro o povo responderá que sua soltura não foi devido a um milagre, mas à demoníaca conspiração dos Supremos Cavalheiros do Apocalipse.

Que Deus proteja o Brasil dos mentirosos e dos usurpadores do poder.

Ilmar Penna Marinho Jr

Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.

Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.

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