26 de abril de 2024
Colunistas Ilmar Penna Marinho

A volta da ópera buffa

Vivemos em tempos de guerras: uma, a do inimigo pandêmico que afinal agoniza pelas vacinas, e a outra, a da invasão da Ucrânia, cuja paz depende da quebra de braço do decrépito Biden e dos seus atordoados aliados da OTAN contra o ditador Putin, apegado à reconstrução territorial do comunismo.

Nesses tempos difíceis, a Ópera Buffa, nascida em Nápoles no século XVIII, retoma a sua popularidade, satirizando os escândalos locais.

Seus personagens são burlescos. Usam figurinos simples, encenações modestas e pequenas orquestras, se comparadas às da ópera tradicional.

Há sempre um vecchio (velho), “metido em trapaças”, que provoca gargalhadas na plateia.

E no Brasil será que já encenaram uma Ópera Buffa?

Sim, estreou esta semana na capital do país, Brasília, e faz enorme sucesso, tanto no palco como na mídia.

O 1º Ato começa com o complô legitimado na sessão de um suntuoso Tribunal, quando supremos “guardiões” rasgaram a Constituição para favorecer os poderosos e interesses partidários, através de decisórios monocráticos, contrários à Justiça igualitária e à Moralidade pública.

A “narrativa conspiratória” dos autos soltou da prisão um ex-presidente, depois de 538 dias de cárcere e de ter sido condenado em todas as instâncias por corrupção.

O 2º Ato começa com outra sessão solene do Tribunal para autorizar o ex-presidiário solto a ser um promissor candidato presidencial.

A leitura da chamada “Ficha Suja” do candidato e o perdão dos Togados provocam muitos risos.

Geralmente, como em todo último Ato da Ópera Buffa se anuncia um casamento.

A encenação brasiliense caprichou na apresentação dos nubentes e as suas teatrais declarações de amor eterno na disputa ao Planalto, propiciando boas gargalhadas.

No cenário real da aguerrida disputa presidencial e durante a troca de alianças, Lula Livre (PT) garante: “Não há nada que aconteceu entre nós que não possa ser reconciliado” e o vice da Chapa, Geraldo Alckmin (PSD), se empavona todo: “O momento exige grandeza política e união”.

Historicamente, a desavença entre os atuais aliados era pública e notória na arena política.

Ao deixar o PSDB, partido do qual foi fundador e que durante 13 anos combateu o lulismo, o ex-tucano, ao ingressar no PSD, se esqueceu que chamava Lula de “Mentiroso”, que apedrejou o Mensalão e o “populismo de esquerda do PT” e escreveu em sua conta no Twitter: “Não existe a menor chance de aliança com o PT…vou recuperar os empregos que eles destruíram, saqueando o Brasil. Jamais terão meu apoio para voltar à cena do crime”. “Eu tenho falado que o número é 13 (número do PT). Treze milhões de desempregados”.

Lula retrucou na época que a obsessão de Alckmin eram as privatizações: “A única coisa que ele sabe fazer é vender coisas. O PSDB não devia ser candidato a nada. Devia ser candidato a (dirigir) uma empresa de vender empresas estatais”.

Mas os petistas de raiz não esqueceram do trágico episódio dos 2 ônibus da caravana de Lula, atacados a tiros no Paraná, tendo Alckmin levantado os ombros com desdém:

Estão colhendo o que plantaram.

No último Ato da Ópera Buffa, quando os dois vecchios políticos ficam sorridentes e de mãos dadas para a plateia em silêncio, entra em cena a foto gigante do Presidente Bolsonaro, que é aplaudido de pé, todos comemorando o grand final.

Que Deus proteja o Brasil dos vecchios trapaceiros em busca do poder e da ganância.

Ilmar Penna Marinho Jr

Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.

Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.

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