29 de abril de 2024
Veículos

Fiat Argo Trekking CVT 2023: menos pode ser mais?

Já faz um tempo – pouco mais de três anos, para ser mais preciso –, escrevi aqui (e disse no vídeo que fiz para a TV Rebimboca, no Youtube, coloco o link mais abaixo) que, se fosse comprar um Fiat Argo, o Trekking seria a versão que eu escolheria. E, naquela matéria, eu explicava os motivos para a minha preferência por aquela opção intermediária da linha, enumerando qualidades que via no carro, entre argumentos racionais e emocionais. Aquele Argo modelo 2020 de 2019 vinha com motor 1.3 e câmbio manual de cinco marchas e, no visual, era praticamente idêntico ao que você vê nas fotos deste post. A não ser por alguns pequenos detalhes, a começar por um importante: agora, o Trekking 1.3 oferece a opção do câmbio automático do tipo CVT com simulação de sete marchas. E isso, acredite, torna ele ainda mais interessante.

Antes de ir adiante, explico que a pergunta do título se deve ao fato de o Argo Trekking não ser um SUV, mas sim uma versão incrementada do hatch “comum”. Menor, mais leve, mais eficiente em termos de consumo, mais prático e mais barato, ele poderia ser uma alternativa interessante aos queridinhos do momento, os esportivos utilitários. Pergunta explicada, vamos tratar de responder isso juntos, ok?

Já houve um Argo Trekking 1.8 automático

Vale dizer que, naquele segundo semestre de 2019, quando fiz o primeiro teste, o Argo Trekking também podia ser comprado em uma opção mais potente (e beberrona) com motor 1.8 de 16 válvulas e câmbio automático “tradicional” de seis marchas, que acabou saindo de linha pouco depois, pela baixa procura. E, como mencionei acima, era uma das versões intermediárias da então variada linha Argo.

Hoje, o Argo está disponível em menos versões, as mais baratas equipadas com motor 1.0 de três cilindros, as mais caras com o 1.3. E esse Trekking 1.3 CVT está no topo da linha. Além do câmbio automático, porém, o carro atual traz outros equipamentos antes ausentes e, ao meu ver, até mais importantes, como os controles de estabilidade e de tração, o assistente de partida em rampa e vidros elétricos com sensores antiesmagamento nas quatro portas.

O nível de equipamentos é bem satisfatório, com bons ar-condicionado com comando digital, multimídia “conectável”, partida por botão com chave presencial, bancos (bem confortáveis) com acabamento em couro ecológico personalizado… Não chega a ser tão equipado quando as antigas versões mais caras do Argo, como a Precision e a HGT, que, se não me falha a memória, tinham itens como acionamento automático de limpadores de para-brisa e de faróis. Mas contempla tudo o que é mais importante, como câmera de ré e sensores de distância.

E mantém as tais características que fazem, pra mim, dessa a melhor versão do Argo, a começar pelo visual aventureiro sem excessos e boa altura do solo e seguindo pelo ótimo acerto da suspensão, com escolha perfeita de rodas (aro 15) e pneus (de perfil mais alto), que o tornam ao mesmo tempo macio, estável e apto para passar por estradinhas de terra maltratadas e lombadas, valetas e quebra-molas mal-intencionados.

O câmbio CVT caiu bem no Argo

Esse acerto inclui ainda o novo câmbio CVT, que não só não tirou desse Trekking o prazer de dirigi-lo, como o aumentou. Isso porque, embora seja tranquilo de usar, o câmbio manual de cinco marchas da Fiat não é lá o mais rápido e instigante de manejar. Já este automático continuamente variável, especialmente quando você aciona a teclinha vermelha “sport”, muito apropriadamente instalada no volante multifuncional, trouxe uma dose extra de esperteza para o carrinho. Agora, ele passa uma sensação de respostas mais rápidas, acompanhadas pelo som nervosinho do motor em giros mais altos.

Do motor, vêm “apenas” 98 cv máximos de potência e 13,2 kgfm de torque com gasolina (que passam para 107 cv e 13,7 kgfm com etanol), mas que são suficientes para mover os 1.130 kg do carro com boa desenvoltura.

E o melhor disso tudo é que, rodando mais em cidade que em estrada, subindo morro e pegando engarrafamento, alternadamente a vias expressas com bom fluxo, ao longo dos meus quase 300 km de uso, a média de consumo na gasolina ficou pouco acima dos 12 km/litro, sem maiores preocupações em economizar combustível.

Não vou me aprofundar em mais detalhes sobre o projeto, espaço interno e outras características desse Argo Trekking 2023, pois tratei disso com mais profundidade neste vídeo sobre o virtualmente idêntico (messes quesitos) modelo 2020, que você pode conferir aqui:

Ele não é um SUV, mas não deixa de ser

Uso essa frase definidora acima para concluir este post porque ela explicita outra das características que acho mais interessantes nesse Trekking. Na prática, ele tem quase todos os atributos geralmente procurados por quem compra um SUV – como estilo, altura do solo e alguma robustez extra – e, a não ser pelo porte e espaço interno, ligeiramente menores, é até semelhante aos esportivos utilitários compactos. Caso do também Fiat Pulse em suas versões mais simples, com o mesmo motor 1.3 e câmbio automático. Só que o Trekking custa menos.

Com o atual desconto dado para carros de até R$ 120 mil, um Argo Trekking automático igual a este do teste está saindo por R$ 92.990 (ou quase 93 mil; o com câmbio manual sai por R$ 84 mil). Já o Pulse 1.3 automático sai por R$ 10 mil a mais. Mas, só para colocar mais opções (e dúvidas) na cabeça de quem está pensando em comprar um desses carros, vale destacar que a versão manual do mesmo SUV custa R$ 90 mil, ou seja, menos que esse Argo CVT, e ainda traz air-bags laterais, ausentes no Argo. No mais, são equivalentes em acessórios e equipamentos.

E isso nos leva a tal pergunta do título: menos pode ser mais?

Fiat Argo Trekking CVT 2023 – ficha técnica (gasolina/etanol) – Dados da fábrica

Motor: Transversal dianteiro, 4 cilindros, 8 válvulas, 1.332 cm³

Potência máxima (cv): 98/105 a 6.000/6.250 rpm

Torque máximo (kgfm): 13,2/13,7 kgfm a 3.500 rpm

Câmbio automático CVT com simulação de sete marchas

Tração dianteira

Freios: dianteiro a disco sólido, traseiro a tambor

Suspensão: dianteira tipo McPherson, traseira por eixo de torção com rodas semi-independentes

Direção com assistência elétrica

Rodas: 6” x 15”, pneus: 205/60 R15”

Peso: 1.187 kg

Dimensões (mm):

Comprimento 3.998, largura 1.724, altura 1.568

Distância entre eixos 2.521

Vão livre do solo: 210 mm

Altura mínima do solo: 187 mm

Ângulo de ataque: 21°

Ângulo de saída: 31,1°

Capacidades (litros):

Porta-malas: 300

Tanque de combustível: 48

Desempenho:

Velocidade máx. (km/h): 173

Aceleração 0 a 100 km/h: 10,8 s

Consumo (km/l): cidade: 12,6 / 9,1 km/l, estrada: 14,1 / 10,0 km/l

Fonte: Rebimboca Comunicação

Henrique Koifman

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

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