Para começar os posts do ano, aí vai mais uma imagem da série “Rebimboca no túnel do tempo”. Nesta, estou aí, sob o sol no Aterro do Flamengo, fazendo pose junto do então recém-lançado no Brasil Chevrolet Vectra de primeira geração.
Recapitulando e resumindo: achei esta e outras fotos, em diapositivos (slides), arrumando gavetas durante o distanciamento social desta já longa pandemia. São todas do começo dos 1990s e foram feitas durante alguns dos meus primeiros test-drives, para a antiga revista Ele Ela, onda trabalhava como redator e “multicolunista” – escrevendo, entre outros assuntos, sobre música, gastronomia, cinema, turismo… até que me encarregaram, também, de criar uma coluna sobre automóveis. Um trabalho divertido e, também, o começo da realização de um sonho de criança: dirigir um monte de carros diferentes, de tudo que é tipo, tamanho e preço.
O Vectra 1993 do teste, com o qual convivi durante uma semana, era da versão CD, a intermediária. Na prática, ela e suas irmãs, a um pouco mais simples, a GLS, e a mais cara, GSI, passaram a ocupar, na Chevrolet, a faixa que antes pertencia às opções mais caras do Monza – que passou para a “parte de baixo da pirâmide”. Na Europa, onde ambos nasceram sob a marca Opel, o Vectra substituiu o já defasado Ascona (nome do Monza lá). Mas em nosso país, ambos conviveram lado a lado entre 1993 e 1996, quando os dois saíram de linha para dar lugar à segunda geração do Vectra.
Me lembro bem da sensação de qualidade que aquele carro passava – mais até que a de luxo ou de arrojo no estilo, que aliás era muito bem-comportado. Ele era um sinal claro de que a indústria automobilística nacional estava se mexendo para se atualizar, cutucada que fora pouco antes com a abertura de nosso mercado às importações de veículos.
Em comparação com os principais concorrentes também fabricados aqui, VW Santana, seu “gêmeo” Ford Versailles e o Fiat Tempra, era bem mais moderno. Nem tanto em termos de motor, virtualmente o mesmo 2.0 de oito válvulas (com 116 cv de potência e 17,3 kgfm de torque) que equipava o Monza, mas no “conjunto da obra”. A mecânica mais sofisticada do modelo era reservada para a versão GSI: um propulsor com os mesmos 2.0 litros, mas gerenciado por 16 válvulas, que, como eu notaria alguns meses depois, o tornavam mais esperto – saltava para 150 cv e 20 kgfm.
Críticas e elogios
A certa altura, passeando num domingo entre o Rio e Niterói (fomos visitar a bela fortaleza de Santa Cruz), com passageiros, me lembro que percebermos que o ar-condicionado não estava dando conta dos mais de 35 graus do verão lá fora. Mas, fora isso, todos foram só elogios ao silêncio, maciez, espaço e ótimo acabamento de bancos em tecido aveludado e painéis. Em outro momento, subi e desci uma pequena serra e aprovei tanto a disposição quanto a estabilidade do carro. O câmbio manual era bom e os freios traziam uma novidade: sistema antitravamento ABS, que muitos anos mais tarde passaria a ser obrigatório aqui no Brasil.
Se não chegava a ser um esportivo, àquela altura, estava entre os nacionais de melhor comportamento, certamente.
Na minha matéria para a revista (veja uma reprodução em tamanho maior no final deste post), destaquei o preço cobrado pelo Vectra CD naqueles dias inflacionados: 34 mil dólares que, segundo afirmo no texto, era praticamente o mesmo pedido por modelos importados equivalentes.
Eis a ficha técnica do Vectra CD 1993 (dados pesquisados na internet):
Motor
2.0 (1998 cm³ de cilindrada), oito válvulas
Combustível gasolina
Potência 116 cv a 5.200 rpm (rotações por minuto)
Torque 17,5 kgfm a 2.600 rpm
Transmissão
Tração dianteira, câmbio manual de 5 marchas
Dimensões (mm)
Comprimento: 4.432
Largura: 1.706
Entre-eixos: 2.600
Altura: 1.375
Peso: 1.293 kg
Capacidades (litros)
Porta-malas: 388
Tanque de combustível: 57
Desempenho
Velocidade máxima: 194,8 km/h
Aceleração: 0-100 km/h: 11,6 s
Consumo (km/l)
Urbano 8,5
Rodoviário 14,1
Fonte: Blog Rebimboca