Quando me perguntaram se queria comentar a doença de Trump respondi que a única coisa interessante que podia dizer é sobre a importância da campanha americana no Brasil.
Mas fui um pouco mais audacioso, ao interpretar a presença do helicóptero na porta da Casa Branca.
Pelo que tenho lido sobre o debate médico sobre Covid nos EUA, a impressão que tinha era a de que Trump teria um oxímetro na Casa Branca e a ida para o hospital seria causada por uma baixa do nível de oxigênio.
É audacioso porque um comentarista do Brasil deveria se limitar a repetir o que os profissionais que estão lá informam.
Vejo agora que Mark Meadows, chefe do staff de Trump, informou que na sexta feira houve uma queda do nível de oxigênio do presidente, o que deve ter precipitado a internação.
Essa história do oxímetro é antiga para quem lê esse diário. No principio, publiquei um resumo de um artigo de um médico americano falando sobre a pneumonia silenciosa. Ele constatou que no caso de Covid19 o nível de oxigênio as vezes baixa abruptamente e as pessoas são entubadas às pressas.
Quando escrevi que o oxímetro passaria a ser um instrumento importante para quem testa positivo uma leitora ficou brava, disse que não entendia de Brasil porque aqui não há condições para isso.
O oxímetro custa relativamente barato para quem tem dinheiro para comprar. Se esse procedimento fosse feito desde o princípio, creio que teríamos mais internações precoces e mais vidas salvas.
Hoje, ao lembrar do tema, ressalto de novo que o problema do Brasil não é somente falta de recursos, mas também uma espécie de timidez e, em alguns casos, como no do meio ambiente, uma enorme dificuldade de adaptação às novas realidades.
Essa reflexão pouco tem a ver com o que se discute nesse domingo. O encontro e o abraço fraternal de Collor e Tofolli para assistirem ao jogo Palmeiras e Ceará ocupam os comentários do dia.
Toffoli e Bolsonaro estão próximos há muito tempo. A indicação do novo ministro do STF, Kassio Marques, foi costurada com Toffoli e Gilmar.
Bolsonaro tem frequentado a casa de ambos.
Gilmar cuidou do caso de Fabrico Queiroz, paralisou as investigações que envolvem Frederik Wassef e ainda tem nas mãos o caso de Flávio Bolsonaro.
Esses encontros fraternais em Brasília tratam do único problema que importa na capital: a luta pelo poder.
Bolsonaro decidiu partilhar o poder com esses ministros. Ele quer compreensão deles e oferece de volta os favores que precisarem do governo.
Em vários momentos históricos, formam-se grandes alianças em Brasília principalmente para garantir a permanência do sistema de dominação.
O de agora visa a dois grandes objetivos: o de atenuar o combate à corrupção e seguir com o processo de desmonte no meio ambiente, avançar na destruição de nossos recursos naturais.
De vez em quando, os ministros vão reclamar publicamente pois o direito a um meio ambiente equilibrado está na Constituição.
Será tudo muito delicado e tranquilo pois o grande acordo está acima de tudo e de todos, Deus nos perdoe.
Fonte: Blog do Gabeira