Hoje foi um dia complicado. Sem sol, mas com saída e um mergulho. Live à tarde e atenção para um tema: o escândalo em torno da compra das vacinas Covaxin.
É o tipo de problema que pode desviar um pouco a atenção do desastre causado pelo negacionismo, mas é também uma forma de mostrar os graves erros do governo.
As vacinas da Covaxin, produzidas na Índia, foram compradas por US$15 a dose. Um preço absurdo diante do que se cobra por ela na Índia.
Um funcionário do Ministério da Saúde foi pressionar a apressar a compra, apesar da falta de documentos. Mas ainda foi pressionado a assinar um pagamento de US$40 milhões adiantados.
O funcionário, segundo a entrevista dada ao Globo, procurou Bolsonaro para denunciar e o presidente prometeu que iria tomar providências. Tomou? Ninguém sabe, ninguém viu.
A empresa que fez a mediação da compra no Brasil é associada a outra empresa que já deu um calote no Ministério da Saúde.
O ministro na época era o atual líder do governo Ricardo Barros.
Há muitos pontos a serem apurados. O caso caiu na CPI que vai levá-lo adiante.
Interessante que esse escândalo acontece num momento em que Bolsonaro anda muito nervoso. O próprio Ministro da Saúde perguntado sobre essa compra ficou bravo.
Interessante também que explode no dia em Moro é considerado parcial pelo STF. Com isso, se enterra a Lava Jato.
Ironicamente, Moro entrou no governo Bolsonaro com a ideia de aprofundar a luta contra a corrupção. Foi demitido e o governo agora está diante de sérias suspeitas de corrupção na saúde, assim como já está há algum tempo sob suspeitas no meio ambiente.
A corrupção no Brasil desafia os governos e quase todos que se instalam com a promessa de combatê-la acabam sendo tragados por denúncias.
Não é fácil.
Fonte: Blog do Gabeira
Jornalista e escritor. Escreve atualmente para O Globo e para o Estadão.