Esta noite fui colhido pelo trabalho. Esta história da compra da Covaxin não fecha e vejo a sessão da CPI na qual o governo tenta legitimá-la.
A empresa Precisa tem uma história muito complicada. Quando era Global deu um cano no Ministério da Saúde. Já como Precisa vendeu 450 mil testes de Covic-19 considerados ineficazes e por preço cem por cento mais caro.
É ela que está como intermediária da Covaxin. Foi ela quem estimulou a cobrança adiantada de US$45 milhões. O governo diz que foi apenas um erro.
Um erro de US$45 milhões que quase foi pago. Essa história do governo me parece com a de um assaltante pego no ato de pular um muro que argumenta: não levei nada.
O governo ao invés de se abrir para uma investigação, defende uma compra indefensável como se fosse um ato de altruísmo, um ato de amor ao Brasil.
O preço da vacina é astronômico comparado aos outros. O prazo de vencimento é de seis meses. A Anvisa se recusa, corretamente, a dar a licença para uso emergencial. E o governo insiste.
Bolsonaro foi avisado e não comunicou à PF, conforme prometeu. Ele mesmo escreveu uma carta ao Primeiro Ministro Modi manifestando seu interesse pela Covaxin, uma vacina que não tem prestígio internacional.
Depois de esnobar a Pfizer, a Moderna, duas vacinas importantes produzidas no Ocidente, Bolsonaro também atacou a chinesa Coronavac.
Em duas vezes entrou em contato com líderes internacionais para tratar de hidroxicloroquina(Modi) e de um spray em Israel. A única iniciativa diplomática de Bolsonaro no campo de vacinas foi essa da Covaxin.
É tudo muito estranho. É o que tenho tempo de dizer hoje.
Fonte: Blog do Gabeira
Jornalista e escritor. Escreve atualmente para O Globo e para o Estadão.