Tenho falado muito da frente de vacinação em massa, onde as coisas não acontecem no ritmo necessário.
Mas a outra frente importante é a ajuda emergencial às pessoas que foram atingidas pela pandemia.
Do meu posto de observação, tendo a achar absurda a negociação entre governo e Congresso. Os parlamentares pressionam para que a ajuda emergencial seja restabelecida rapidamente. O governo diz: tudo bem, mas é preciso fazer as reformas.
As reformas levam no mínimo um ano. A ajuda emergencial é para já. Tudo o que os parlamentares podem fazer no caso é dar sua palavra, sabendo que política é muito volúvel e que, a partir do princípio do ano que vem, o clima eleitoral vai dominar tudo.
Bolsonaro pensa em dar uma ajuda de R$200 por três meses. Mas sabemos que a vacinação em massa e consequentemente a volta à normalidade não será alcançada nos próximos três meses. No ritmo atual, seria alcançada em 2024. Certamente, com a chegada de novos insumos, as coisas vão andar um pouco mais rápida. Mas será preciso comprar também novas vacinas, além das que receberemos do Convax, o consórico da OMS.
Se o objetivo de Bolsonaro é conquistar a simpatia popular, o cobertor de três meses é curto. Ainda que a conquiste, certamente, vai perdê-la nos meses que antecedem às eleições de 2022.
Como sempre, fico muito impressionado com a popularidade dos reality shows. O BBB é discutido por milhares de pessoas e muitos temas políticos acabam surgindo daí.
As vezes penso em assistir para manter um contato maior com as pessoas. Mas o tempo é tão curto, tanta coisa para fazer, e além do mais, creio que me aborreceria e ficaria culpado por não estar fazendo outro coisa.
Dentro dos limites, entretanto, acompanho um ou outro caso, mais presente nos jornais e tevê.
É tudo o que posso fazer. Fala-se muito, por exemplo, em Karol Conká. Hoje vi num jornal vários ângulos de seu apartamento. Leio coisas como lugar de fala, lugar de dor. Há uma dramalheira rolando por aí, assim como se cantam muitos boleros na política convencional, traições, lamentos.
De vez em quando, é preciso voltar para o exílio, só que sem sair do país. Mesmo porque não está dando para viajar. A nova variante bloqueia brasileiros em quase todo lugar.
Os livros sempre me salvaram e continuarão salvando. Ontem comecei a reler Manuelzão e Miguelim do livro Corpo de Baile, de Guimarães Rosa. Tanta coisa interessante. Anotei esse frase no principio: Vó Benvinda, antes de morrer, toda a vida ela rezava, dia e noite, caprichava muito com Deus, só queria era rezar e comer, e ralhava mole com os meninos. Vó Benvinda quando moça tinha sido mulher à toa.
Coisas de Minas, deveria estar me metendo nas falas dos brothers, mas, o que fazer? Prefiro os meninos de Minas: mulher à toa é que os homens vão na casa dela e quando morre vai para o inferno.
Abriu o sol de novo e teremos mais calor amanhã. Até lá.
Fonte: Blog do Gabeira