Importantes jornais como o New York Times e The Guardian dedicam matérias ao avanço da pandemia no Brasil, o pais mais atingido pelo Coronavirus no momento.
Além da descrição da tragédia, um dos pontos de destaque é o temor de que o Brasil se torne ameaça sanitária para toda a humanidade. Isto porque com a intensa circulação do vírus, mutações podem ocorrer e, consequentemente, aumentando o perigo de reinfecções e neutralizando o poder das vacinas.
Já estamos bastante isolados. Brasileiros não entram hoje em países importantes para nós, como Portugal e Estados Unidos. Na Inglaterra há um esforço enorme para rastrear a variante brasileira, uma vez que um portador desse vírus escapou do radar das autoridades britânicas.
Como todos os outros, exceção de Bolsonaro e seu Ministro, estou muito preocupado, fiquei triste e durmo mal com esse massacre que estamos vendo no sistema hospitalar brasileiro. Só em Santa Catarina, 35 pessoas morreram na fila da UTI.
No entanto, chorar apenas não basta. É preciso ir adiante. Governadores, parlamentares e prefeitos precisam constituir um comitê de crise. Será necessário não apenas orientar o trabalho interno, comunicar-se com a sociedade e buscar saídas.
Uma das saídas é pedir ajuda internacional. Ela seria bem-vinda não só porque aliviaria nossa dor mas também porque reduziria o perigo dos países que esperam sair da crise, após muitas dificuldades.
O que pediríamos? Acho necessário canalizar recursos humanos e materiais para sequenciar mais o vírus no Brasil. Podemos ter muitas variantes, seria importante conhecê-las não apenas para rastrear a doença como para fornecer material para os produtores de vacina, que certamente terão de se adaptar ao novo contexto.
Acho que os países que têm vacina suficiente ou excedente deveria enviar parte para o Brasil. Biden espera vacinar todos os adultos americanos até maio. Seria importante estabelecer contatos desde já pois isto liberaria uma grande capacidade produtiva nos EUA. Caminham para vacinar três milhões de pessoas por dia. Nossa capacidade é a da vacinar dois milhões. Mas não temos a vacina.
Assim como privilegiamos Manaus no processo interno da vacinação, a OMS deveria privilegiar o Brasil na remessa das vacinas da Covax, o consórcio mundial. Quanto mais rápido for o processo, mais condições teremos de reduzir o crescimento, atualmente fora de controle, da propagação do vírus.
As vezes digo para mim mesmo: não adianta ficar angustiado, o momento pede ação e sangue frio. Mas não há dúvida que a própria pandemia reduz nossas possibilidades com toda a distância necessária. O mundo virtual é mais acessível pois algo de incompletude nele. Vamos ver como encarar tudo isso. É novo mas exige certamente a flexibilidade do vírus, capacidade de mudança e adaptação.Área de anexos
Fonte: Blog do Gabeira