Dois temas que pretendo desenvolver nos próximos dias, mas que não posso ir muito longe hoje, uma segunda de trabalho; daqui a pouco começa a atividade noturna na TV.
Um deles é a questão do esforço nacional conjugado e como isto é importante. Mariana Mazzucato começa seu livro, que comprei domingo à noite e iniciei sua leitura agora, falando do esforço americano para mandar um ser humano à lua e como isto moveu muitas forças no país, na época a partir do anúncio de John Kennedy.
No prefácio do livro ela fala de passagem na vitória do Vietnã contra o coronavírus e menciona também a mobilização nacional que envolveu todos, desde o governo até os grandes artistas plásticos do país, passando por cientistas e líderes locais.
Eu já vinha com vontade de escrever sobre a Inglaterra que conseguiu um bom resultado na antecipação da vacina e depois na própria campanha para vacinar. Da mesma forma, li uma reportagem mostrando como foi grande o esforço para resistir à grande demanda de leitos pelo sistema hospitalar inglês. Duas iniciativas estiveram à frente dessas tarefas vitais: a vacinação e o atendimento hospitalar.
Fiquei me perguntando se a Inglaterra por ter resistido aos nazistas não acabou aprendendo a fazer um esforço nacional. E o Vietnã por ter passado também por uma guerra também não estava já predisposto a uma unidade contra o inimigo comum.
Outro caminho que me estimulou a pensar foi um artigo na revista Foreign Affairs sobre o tribalismo, suas desvantagens e a necessidade de estudar historicamente como se supera esta situação.
Essa divisão radical que existe nos Estados Unidos e no Brasil talvez tenha contribuído para que a performance dos dois países fosse mais deficiente.
Chamamos de radicalização mas o que acontece tem algumas características do tribalismo. Uma delas é o patrulhamento interno para que as pessoas não colaborem com adversários em busca de uma solução comum.
O artigo assinado por Reuben E. Brigety, avança sobre as possíveis maneiras de superar o tribalismo.
Uma delas é a clarividência de líderes (exemplo de Mandela e De Klerk na África do Sul), outra é a ajuda de entidades mediadoras.
Não posso muito avançar no tema do tribalismo hoje. Estou ouvindo as pessoas falarem na tevê sobre os esforços para obter mais vacinas da China, feitos pelo Ministro Marcelo Queiroga.
São válidos. Mas quem se der ao trabalho, os despachos de Marcelo Ninio, correspondente do Globo na China, vai ver como é difícil apressar a vacinação usando a disposição chinesa.
A China iniciou uma intensa campanha de vacinação. Já vacinou dez por cento de sua população e quer vacinar 40 por cento até final de junho. O país tem capacidade de aplicar dez milhões de doses por dia, mas está produzindo apenas cinco milhões de doses diárias.
A inferência do correspondente é que a diplomacia da vacina vai ficar em segundo plano nos próximos cem dias.
Tempos difíceis esses de março e abril, inclusive no Rio onde aumentam os casos e mortes. Ironicamente são os meses mais bonitos do ano, se você considerar apenas o clima.
Fonte: Blog do Gabeira