Temos um feriado dentro do feriado. Trabalho normalmente como muitas pessoas. Bolsonaro vai folgar. Não mencionaria isto se não fosse divulgado hoje o volume de gastos públicos com suas férias em Santa Catarina e em Guarujá: R$2,4 milhões.
Esse dado foi revelado pelo Gabinete de Segurança Institucional a pedido de um deputado de Goiás.
Fiquei muito comovido com o depoimento do prefeito de Mongaguá, uma cidade da Baixada Santista. Pressionado por comerciantes que queriam abrir suas portas, ele fez uma live e chorou contando que seu pai e o irmão de 33 anos morreram de Covid.
Já quebramos algumas vezes. Queria que estivessem aqui para quebrar de novo, se fosse o caso. Mas perder a vida é irreparável – disse ele.
Seis presidenciáveis do chamado Polo Democrático lançaram um manifesto em defesa da democracia. Merece apoio qualquer preocupação em manter o estado de direito. É preciso buscar algum consenso também sobre a luta contra a Covid-19.
Não haverá campanha política que ignore esse tema, exceto talvez a de Bolsonaro.
Ontem mencionei um número de mortes, mas o recorde diário foi batido: 4 mil pessoas nos deixaram.
Jamais vi tantas perdas na história recente do Brasil. Alguns negacionistas diziam que teríamos no máximo oitocentos mortos em toda a pandemia.
Imaginem, isso temos em algumas horas.
O Ministério da Saúde que prometia 25 milhões de doses de vacina para abril parece que vai reduzir essas expectativas. O projeto da Câmara de facilitar a compra pela iniciativa privada não vai resolver, pelo contrário agravará o debate com uma hipótese pouco viável no momento.
Originalmente, as vacinas seriam compradas pelos empresários que doariam 50 por cento ao governo. Agora, Arthur Lira lidera um movimento para que os empresários apenas possam comprar sem compromissos, inclusive com dedução no imposto de renda.
Assim fica bravo: o povo que não tem acesso a vacinas acabará financiando a vacina dos empresários e seus empregados.
O ideal é que o governo assuma o compromisso de uma vacina gratuita e universal. Garantida esta oferta, nada impede que empresas comprem vacinas. É assim com a vacina de Influenza.
Lira e Pacheco afirmam que o governo já tem encomendado um número de vacina para servir a todos, um número maior do que a própria população. Se acreditassem nisso, por que então fazer projetos para que a iniciativa privada compre? Quando todos tiverem vacina gratuita ninguém se importará em saber onde se vende vacina ou que empresa está vacinando. Isto porque não haverá necessidade.
Bom feriado para os que têm feriado e bom fim de semana, amanhã escrevo de novo.
Fonte: Blog do Gabeira