
Outubro está quase terminando e os empresários brasileiros que exportam para os Estados Unidos terão mais um mês de queda por causa da aplicação da tarifa de 10% por razões comerciais e 40% por razões políticas. Os americanos querem que não haja mais censura no Brasil (o que não é nenhuma novidade, porque a Constituição já exige isso), que todos tenham direito ao devido processo legal (o que não é nenhuma novidade, porque a Constituição já exige isso), e que não haja perseguições políticas (o que não é nenhuma novidade, porque a democracia já exige isso). É, os americanos têm essa mania de liberdade – segunda-feira foi o aniversário da inauguração da Estátua da Liberdade, que é um símbolo muito grande para os americanos, e eles estão exigindo isso do Brasil.
Até agora não tivemos nenhum centímetro de avanço. O Brasil festejou uma foto. Ah, Lula e Trump tiraram uma foto. “Minha tarifa por uma foto”, parafraseando o “meu reino por um cavalo” do Ricardo III de Shakespeare. A foto foi considerada pelos jornalistas governistas como uma vitória de Lula e uma derrota dos bolsonaristas – claro, Bolsonaro está preso em casa, não tinha como tirar foto com Trump. Enfim, muito carnaval por uma foto. Imaginem como estão os exportadores brasileiros, os que produzem, os que estão em dificuldades fabris e industriais, os que não conseguem pagar a folha porque as exportações para os EUA, grandes compradores de certos produtos brasileiros, despencaram. Em agosto elas já tinham caído; em setembro, houve uma queda mais vertiginosa ainda, de cerca de 20%. Vamos ver de quanto será a redução em outubro.
E não há perspectiva de solução. O governo diz que isso é com o Supremo, e o Supremo é um poder independente. Mas isso é com o Executivo, sim, porque basta o Executivo autorizar seus líderes a apoiar alguma iniciativa que resolva a questão da condenação injusta de manifestantes, sem impunidade. Quem quebrou patrimônio público, que pague.
Aeroporto na Paraíba está com tudo, graças a um único passageiro ilustre
A Folha de S. Paulo desta segunda-feira contou a incrível história do aeroporto de Patos (PB), município cujo prefeito é o pai do presidente da Câmara, Hugo Motta. De repente, o aeroporto ganhou investimento federal e estadual: quase R$ 36 milhões para a pista e outras melhorias – do dinheiro dos pagadores de impostos federais foram R$ 21,8 milhões; dos pagadores de impostos estaduais, R$ 14 milhões.
A Folha também fez a comparação entre o movimento do aeroporto em todo o ano passado e o movimento neste ano, a partir de fevereiro, quando Hugo Motta assumiu a presidência da Câmara. De fevereiro a agosto de 2024, foram 227 pousos e decolagens, pouco mais de um por dia. Neste ano, entre fevereiro e agosto, foram 451 pousos e decolagens de jatinhos – isso sem contar os aviões da Força Aérea Brasileira, que transportavam o presidente da Câmara. Apenas uma empresa de voo comercial atua lá: a Azul Conecta, que faz voos regionais.
Fonte: Gazeta do Povo

Jornalista, apresentador e colunista de política.
