

O Século XXI foi batizado pelos tutores do saber como a Era do Conhecimento.
Contudo, mesmo tutores tranquilos, abonados e pacientes, não raro, aceleram os passos dos seus tutelados para verem ainda em vida o resultado objetivo da sua sabedoria secular.
Vai daí que, antes do século XXI completar a maioridade intelectual e penal, os tutores já festejavam a eficiência da pedagogia (leia-se ideologia) que enfiaram goela abaixo dos seus tutelados.
Meninos e meninas, agora rebatizados e reprogramados como ‘menines’ do Século XXI, cumprem à risca o papel que lhes foi destinado nessa ópera bufa, com laivos de tragicomédia, escrita por delfos de Davos, berço do capitalismo de esquerda e editado pela ONU.
Assim, o povo viu surgir novas categorias de gestores. Assim também surgiu o Capitalismo de Esquerda e o Socialismo de Direita.
A autoridade monocrática, outrora obscurantista, tomou de volta o que lhes pertencia antes da virada das escrituras modernas, que deram forma aos Direitos Humanos e à Liberdade de Expressão, pilares da moderna Democracia.
Porém, uma edição pós-moderna converteu a democracia em um rótulo de múltiplo uso, dependendo apenas das circunstâncias e da conveniência de grupo de interesses ‘mainstream’, sob o rótulo aplicado com o rigor da lei, não para todos, evidentemente.
‘Noblesse oblige’ aditivada com representação populista é a base do capitalismo de esquerda em sintonia com o socialismo de direita.
A Censura, a velha e irascível sinistra figura, que tanto sofrimento e ignorância espalhou sobre o mundo, foi redesenhada.
Hoje, após uma plástica reparadora e a supressão das rugas do velho autoritarismo, a Censura ressurge com nova e cintilante roupagem, circula nos salões chiques entre doutos, artistas e intelectuais, dissertando sobre os limites que devem ser impostos à rebeldia massiva daquela gente conservadora de classe média, recentemente renomeada de ‘terrorista’, desprovida de entusiasmo revolucionário, ‘odienta, antidemocrática e violenta’ que se opõe ao ativismo midiático, se revolta com coisas comuns como a nefasta e permanente cultura política nacional que hoje recorre não apenas aos fundos públicos, mas à Justiça repaginada, aliada da primeira à última instância do judiciário, que assegura longevidade ao patrimonialismo, ao toma lá da cá, à corrupção, à compra de parlamentares, de editorias inteiras e tudo mais que compõe o lindo e harmonioso cenário do ‘novo normal’.


Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial “Em Busca da Essência” Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.