5 de maio de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

A cultura digital utiliza uma batelada de termos e signos tradicionais para nominar suas atividades pautadas na inovação tecnológica

Num curto período de tempo os novos meios tecnológicos e a cultura digital transformou o mundo tão rapidamente que a impressão que temos, sobretudo as gerações mais novas, é que desde sempre foi assim.

Tim Berners-Lee concebeu a ideia “www” em 1955. Todavia, os primeiros acessos à universalização tiveram início em 1989, e foi no início do Século XXI, que a rede mundial de computadores se estendeu por todo planeta e se expandiu exponencialmente.

“Inovação disruptiva” é um dos termos usados na cultura digital que considero emblemático.

O termo vem do grego antigo, e seu significado se estende de um padrão persistente de conduta negativa, desafiadora, até mesmo como atitude hostil em algumas situações. Essas mudanças comportamentais são sempre dirigidas às figuras de autoridades daquele momento, podendo ser pais, pessoas cuidadoras, professoras, pessoas idosas, etc.

Minhas reflexões sobre as incertezas, do momento que agora vivemos, tem relação direta com esse termo na cultura digital.

A comunicação social, sobretudo as tradicionais empresas de mídia, foi um dos segmentos mais afetados pela cultura digital.

No meu entender, a disruptura, advinda dos novos meios digitais implodiu os alicerces da velha imprensa.

Com a universalização das redes sociais o abalo nos meios tradicionais de comunicação foi demolidor.

É claro que um segmento tão poderoso e, há muito tempo dominante, não evapora no ar.

Ele se reorganiza e tenta intervir no meio social cavando trincheiras e anteparos, tapando buracos aqui e acolá, infiltrando brigadas de “checadores de fatos” nos meios digitais e escaramuças e lançadores de narrativas, na esperança de que essas tropas neutralizem, pelo menos por um tempo, os focos de resistencia digital interpessoal que buscam a notícia original e a verdade dos fatos.

Todos sabem que é um sonho exigir que uma empresa de comunicarão seja imparcial. Não são, nunca foram!

Assim como também, é claro para milhões de internautas antenados com a realidade que as tendências políticas dos veículos associados ao consórcio de mídia, não os tornam aparelhos ideológicos.

Quando as empresas de comunicação detinham a hegemonia da informação, uma empreitada que não foi fácil consolidar, as elites econômicas e políticas tratavam em sigilo dos seus interesses comuns.

Naquela ocasião, veículos de mídia noticiaram que as ruas foram tomadas pelos ‘caras pintadas’, exigindo o impeachment de Collor, passava a sensação (sensacionalismo é um artifício muito usado pela imprensa) para o leitor/telespectador passivo, de que a corda estava no pescoço do ‘condenado’. Podia funcionar e funcionou.

Porém, com as redes sociais, esses artifícios perderam efeito.

Um veículo de imprensa reportar que, numa data simbólica, as avenidas estavam lotadas de ninguém para saudar o presidente, é ridículo até para mentes asfixiadas pelo fanatismo.

O dono do negócio sabe disso mas não pode ceder à tentação de manipular a opinião pública, mesmo sabedor de que milhões de pessoas irão ver, em tempo real, o fato em si, como foi.

Sobra-lhes somente as narrativas. Há grande contingente de ‘talking heads’ disponível no mercado da comunicarão. Pagos, seguirão o roteiro.

Entretanto, o que antes funcionava bem, hoje, com a realidade ampliada em tempo real, narrativas se dissolvem no ar.

Em resumo, a luta que agora se trava diz respeito à sobrevivência dos velhos meios de comunicação.

Os donos do negócio priorizam objetivos econômicos que lhes ofereça condições de manter a loja aberta.

Os vetores, politico-empresarial que lhes ofereça rendimentos sustentáveis para manter seu ‘status quo’ serão compensados.Como, tradicionalmente, sempre foram.

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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