Fim de semana de mortes conhecidas por mim. Morreu Vilmar Berna, aos 64 anos. Ecologista, dedicou sua vida à defesa do meio ambiente. Foi premiado pelo seu trabalho pela ONU. No Japão, diante do Imperador, rompendo todos os protocolos, criticou a matança de baleias a que os japoneses se dedicam há muitos anos.
Postei uma foto tirada de seu álbum particular, onde Vilmar está entre mim e Carlos Minc.
A causa mortis foi pneumonia.
Morreu também, aos 84 anos, de complicações da Covid-19, o cantor Agnaldo Timóteo. Ele se dedicou à política por alguns anos. Lembro-me dele na campanha pelo governo do Rio em 86, quando estivemos juntos na mesma disputa.
Como cantor, Agnaldo Timóteo tinha uma voz reconhecida por todos como uma das melhores vozes masculinas do Brasil.
Sempre tive relações cordiais com ele, não só na campanha de 86 mas em todos os momentos em que cruzamos. Ele foi internado no dia 15 de março. Creio que no ano passado, foi internado também com outro tipo de problema, andou bastante mal mas sobreviveu.
Nos fins de semana, com tanta tristeza no Brasil, aproveito a ajuda de um amigo que recebe, e leio vários jornais do mundo. Nesta, junto com eles, veio também a revista Foreign Affairs, que trata de política internacional.
Tinha o hábito de comprá-la. Mas custava R$55 , o preço de um livro de 300 páginas. Não sei mais como encontrá-la, mesmo porque quase todas as bancas de jornais desapareceram e as que sobreviveram não têm bala para importar.
Esse número da Foreign Affairs tem o título Decadência e Queda e se pergunta se os Estados Unidos vão liderar o mundo de novo. O título do primeiro artigo já dá uma ideia de que nada será como antes, diz que a política americana pode ser refeita mas não restaurada.
Decidi ler o segundo artigo que fala do impacto negativo de Trump na imagem americana. Interessante porque o autor, Jonathan Kirshner, supõe, no meu entender, com razão que muitos países vão esperar algum tempo para se certificar se a eleição foi apenas um golpe de sorte, ou algo que pode voltar acontecer, ainda que sob outra forma.
É um tipo de dúvida correta porque supor que essas eleições são um golpe de sorte, suprimem uma verdade dita por Tolstoy: as pessoas se acostumam a tudo, ainda mais quando se sentem apoiadas.
A eleição de Trump não foi apenas um golpe de sorte, mas contou com o apoio de americanos que têm uma visão isolacionista e estreita do mundo.
Fiquei pensando no caso brasileiro. Quando nos livrarmos de Bolsonaro, muitos interlocutores também vão nos olhar com desconfiança, com o medo de uma recaída da extrema direita e dessa situação deplorável em que nos encontramos.
Interessante trabalhar com a ideia de que tanto Trump como Bolsonaro não foram uma obra do acaso e continuar observando, no tecido social, os motivos que tornaram sua eleição possível .
No Le Monde, li um texto impressionante sobre o Líbano. Muitas pessoas fizeram economias em dólares e agora o sistema bancário deu o cano.A inflação é de 90 por cento. Milhares de pessoas entram na justiça tentando recuperar seu dinheiro.
Quanta tragédia no Líbano.
O Líbano tem muitos brasileiros e aqui há muitos libaneses também. Estamos unidos na tragédia, embora tenham causas diferentes.
Hoje li a história da mulher que organizou a força tarefa para dotar a Inglaterra das vacinas necessárias para superar a Covid-19. Num outro veículo, há a história de outra mulher que manteve o sistema hospitalar funcionando, apesar do estresse.
Hoje também fiquei sabendo que a Inglaterra registrou 10 mortes por Covid e prepara-se para a abertura.
Fiquei me perguntando , com tantos livros e filmes que vi sobre a II Guerra, se a heroica resistência dos ingleses aos ataques nazistas não criou uma base para que enfrentassem melhor a pandemia que ameaça todos.
Fins de semana são bons para a divagação e para um rápido banho de sol. Só me reencontro com a água no dia 8. A reabertura foi adiada.
Bom domingo para todos.
Fonte: Blog do Gabeira