26 de abril de 2024
Colunistas Walter Navarro

Coisinhas que dão choque

Eu gostava muito do “Manhattan Connection”, mas, filhotes da Globo na GloboNews, sem ter mais o que conectar, também começaram a criticar o Bolsonaro.
Claro, eles gostam mesmo é do FHC que, todo fim de ano, participa do programa com sua boca e pensamentos tão moles quanto um relógio de Salvador Dalí.
Do Lucas Mendes e do Pedro Andrade ainda gosto, como gostava do Diogo Mainardi. Bom mesmo era o Paulo Francis.
Aliás, deveriam mudar o nome do programa porque Diogo fala de Veneza, Ricardo Amorim, de São Paulo e Caio Blinder, sempre sem graça, só tem um assunto: falar mal do Trump. Faltam irreverência, Minas Gerais e Paris nesta conexão suspeita.
Lembrei do “Manhattan Connection” porque me repassaram um post interessante do Ricardo Amorim, que acho chato e metido, esnobe. Ele “se acha” demais.
Mas o post, ilustrado com um carro elétrico da Gurgel tem este texto bom:
“Assim matamos nossos empreendedores.
Em 1974:
– A Apple só seria fundada dois anos depois.
– Elon Musk da Tesla tinha três anos de idade.
– Microsoft só seria fundada no ano seguinte.
– A NASA estava em plena missão Apollo, que acabaria também em 1975.
– A guerra do Vietnã estava no auge.
– Kiss e Rush lançavam seus primeiros discos.
E, no Brasil, João Gurgel apresentava, no programa Silvio Santos, seu carro elétrico”.

O texto fica ainda mais propício depois que li, ontem, uma novidade da prefeitura de São José dos Campos (SP), sobre o início de “operações dos carros elétricos compartilhados, incentivando o desenvolvimento sustentável do município, com respeito ao meio ambiente”.

São José dos Campos é uma cidade grande e interessante, como todo o interior de São Paulo, estado rico e inteligente. Lá, até as cidades muito pequenas são bonitas, bem cuidadas, arborizadas, limpas e aconchegantes.

São Paulo é mesmo outro Brasil. O interior de seus vizinhos, Minas e Rio, com raras exceções, é de doer.

Morei em São José dos Campos um ano ou um ano e meio. Não me lembro bem porque eu devia ter uns seis anos de idade. Mas foi lá, com professora particular, Cristina, de belas pernas, que eu e meus irmãos mais velhos fomos alfabetizados. Um ano depois, em Campinas, entrei direto no primeiro ano do primeiro grau, já sabendo ler e escrever.

Também não me lembro muito de São José dos Campos, apenas que gostava de lá. Morávamos numa grande avenida. Atrás tinha um parque, muitos jardins.

Não, não é na cidade de Santos Dumont, em Minas. É em São José dos Campos que estão, nada mais, nada menos que o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a EMBRAER.

Perto de Araraquara, mesmo na minúscula Gavião Peixoto, onde eu era amigo do prefeito, São Paulo mostra sua força. É lá que funciona outra unidade da EMBRAER. É lá que faziam as asas dos aviões e hoje, a montagem final das aeronaves. É lá também e por causa, que encontramos a mais longa pista de pousos de toda a América Latina, com 4.967 metros de extensão.

Até então eu só tinha visto carros elétricos em Paris, onde os parisienses – não os turistas – podem usar o carro, como os brasileiros usam patinetes e bicicletas.
Assim, São José dos Campos continua seu pioneirismo de inovação, como a primeira cidade do Brasil a oferecer carros elétricos compartilhados em vias públicas com sistema “dockless” (sem estações).
Em Fortaleza existe o compartilhamento, mas os veículos têm estacionamento definido. Na capital São Paulo eles servem apenas para deslocamentos entre estacionamentos privados como shoppings e grandes empreendimentos.
Em São José dos Campos os motoristas poderão devolvê-los em qualquer local criado para seu estacionamento, dentro da área de cobertura.
Nem preciso listar aqui as vantagens do carro elétrico, né? Melhor, só se tudo fosse elétrico, ônibus, caminhões…
Outra coisa bacana é o programa São José Sustentável: mais qualidade de vida, estimulado o cuidado com o meio ambiente e dando opções sustentáveis de transporte.

Enfim, é a vingança de Gurgel. Vingança não, nem mesmo um tapa de luva. Isso é apenas uma ironia para mostrar como o antigo e besta Brasil tratava seus gênios.

Assim, certo de que teremos, no mínimo, mais sete anos de Bolsonaro e oito de Moro pela frente, deixo aqui minha sugestão para quem quiser ficar rico no ramo da eletricidade: fábrica de cadeiras elétricas para presentear estupradores, assassinos, sequestradores e corruPTos, claro. A conta da luz a gente manda para a família dos vagabundos, como a China cobra a bala dos fuzilamentos.

PS: Pensando bem, melhor construirmos mais hidrelétricas também…

Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

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