26 de abril de 2024
Veículos

Fit e WRV, um comparativo em família


O pessoal da publicidade adora dizer que “a vida é feita de escolhas”, mas sabemos bem que nem tudo na vida depende de nossas decisões. Mas claro que há mesmo muitas coisas que podemos escolher livremente – desde que, claro, tenhamos dinheiro para isso – e os carros estão entre elas. E, nesse caso, quantas opções! O nosso post e o vídeo da TV Rebimboca (acima) de hoje tratam de uma dessas escolhas automotivas, bem específica, aliás: qual é o melhor compacto da Honda, o Fit ou o seu irmão aventureiro, o WRV?

Resolvi fazer essa comparação depois de, faz um tempinho, ter tido a oportunidade de avaliar, um depois do outro, esses dois carrinhos – em suas versões mais caras, ELX ano/modelo 2018/19. São dois carros com plataformas e mecânicas idênticas, mas visual ligeiramente diferente (veja a ficha técnica completa no final do post). E isso significa que, de um modo geral, ambos oferecem desempenho, espaço interno e recursos praticamente idênticos e mesmo um comportamento muito parecido. Juntei ambos nesta mesma avaliação porque acho que a dúvida que ficou na minha cabeça depois dos testes deve passar pela cabeça de muita gente que pensa em comprar um compacto da Honda: qual dos dois é o melhor ou o mais apropriado para as suas necessidades?

Comecemos pelo Fit. Lançado aqui no Brasil em 2003, menos de um ano depois de ter chegado às lojas japonesas, ele é na soma geral até hoje o carro mais vendido da Honda no Brasil até hoje. O modelo que mostramos aqui, como mencionei acima, é o 2018, de sua terceira geração, que surgiu em 2015. Ele é hoje, na prática, o único modelo com configuração monovolume, tipo quase um pãozinho de forma, disponível no mercado. Daí muita gente ficar em dúvida se deve classificá-lo como minivan ou hatch compacto – que, pelo menos em termos de mercado, talvez seja sua melhor classificação, mesmo.

O Fit sempre teve um preço comparativamente um pouco mais alto que os hatches compactos de padrão mais alto – como o VW Polo, o Fiat Punto (e agora, o Argo), por exemplo. Mas conquistou quase que um espaço próprio, um nicho de mercado que, se não é dos que representam números mais impressionantes, tem um público fiel. Prova disso é sua longevidade e, também, o excelente valor de revenda. Sem medo de exagero, diria que esse pequeno Honda é um dos carros mais bem bolados que já tive a oportunidade de avaliar. Você pode conferir alguns de seus principais atributos no vídeo.

Caçula aventureiro
De uns anos para cá, os SUVs praticamente tomaram o mercado de carros acima do segmento de entrada aqui no Brasil. Num primeiro momento, muitas montadoras resolveram lançar versões aventureiras de seus modelos, para pegar uma carona nessa tendência. Em seguida, veio o Ford Ecosport – um derivado do Fiesta, mas totalmente diferente e, por que não?, um SUV de fato. E atrás deles vieram e continuam vindo uma série de SUVs compactos. Sem criar um carro totalmente novo, mas indo bem além da simples modificação cosmética, a Honda criou o WRV.

Não dá para dizer, mesmo, que ele é um carro totalmente diferente do Fit, mas, além de ser mais alto, conta com todo um conjunto de suspensão mais robusto, especialmente criado para ele. Tem também a dianteira muito modificada, tirando-o do espectro dos monovolumes e, com mais alguns retoques em lanternas na tampa traseira, ganha uma personalidade bem próprio. Reconheçamos: não dá para confundir os dois “irmãos” nas ruas. Falo bastante sobre essa suspensão diferente e mostro seu comportamento em diferentes situações no vídeo. Ela realmente funciona bem em piso irregular e mantém o ótimo comportamento do Fit original em situações de estrada asfaltada – o mesmo acontece em relação à praticidade e ao espaço interno, claro.

No painel, a aparência e os recursos são os mesmo nos dois. Os mostradores são analógicos e há uma tela bem simplesinha com as informações do computador de bordo. Há comandos no volante e nas hastes presas nele. Tudo bem fácil de achar e de usar, mas um tanto mais simples do que muitos modelos concorrentes já oferecem. Aliás, coisas já tão comuns como espelho retrovisor interno antiofuscante, sensores de chuva para ligar os limpadores de para-brisas e de escuridão para ligar os faróis bem poderiam estar a bordo, mas não embarcaram ainda.

Pesando os prós e contras
Peço desculpas pelo irresistível (e meio óbvio) trocadilho. Mas antes de revelar a minha escolha, acho que vale a pena dizer que nenhum dos dois modelos é particularmente emocionante no que diz respeito à direção. São carros com um bom desempenho, com força suficiente para a imensa maioria das necessidades, mas sem rompantes. E, cá entre nós, emoção e câmbio CVT raríssimas vezes andam juntos. Os dois modelos se destacam por qualidades como serenidade, docilidade total, comportamento sempre neutro e um funcionamento tão certinho que faz um relógio suíço parecer meio desregulado.

Pontos que realmente merecem elogios, mas que não vão fazer o coração de quem gosta de dirigir de forma um pouco mais arrojada bater mais rápido – e eu faço parte dessa turma aí. Ainda assim, por seu tamanho, versatilidade, confiabilidade, conforto, economia… enfim, por sua total praticidade no uso urbano e mesmo em viagens (e até pequenas mudanças de casa: com os bancos de trás abaixados, eles viram furgõezinhos), poucos carros serão tão interessantes quanto o Honda Fit ou o seu irmão WRV.

Além das diferenças entre o Fit e o WRV que eu mostrei no vídeo, vale destacar que o WRV consumiu um pouquinho a mais de combustível que o Fit, na média, mas a diferença foi bem pequena. Mais importante que isso, porém, é uma diferença ainda menos perceptível. Enquanto o Fit vem de série com os sistemas de assistência de estabilidade e tração, o irmão aventureiro não traz isso, e nem o assistente para partidas em subidas – pra isso você vai ter de usar o bom e velho freio, mesmo. Ambos, porém, vem com seis air-bags e a diferença de peso entre eles é pequena, também: menos de 30 quilos – a mais – para o WRV.

Afinal, qual dos dois Hondas eu pegaria?
Com tudo isso, se fosse para ficar com um dos dois, eu economizaria os mais de R$ 2 mil que os separam e ficaria com o Fit. Sim, o Fit original, mesmo, e não seu simpático irmão mais altinho. Essa seria uma decisão muito pessoal, claro, mas eu escolheria o mais urbano e, também, mais equipado com recursos de segurança. Nada contra, mas não sou lá assim tão fã desse visual aventureiro nem faço questão de dirigir em uma posição mais elevada. Usando os dois em minha rotina, mesmo com uma viagem incluída, sinceramente, continuei classificando o monovolume original como um dos carros mais bem bolados de todos os tempos. E não vi no seu simpático irmão aventureiro, a não ser a excelente suspensão, nada que justificasse gastar mais. Talvez se eu tivesse uma casinha fora, com uma estradinha de terra cheia de pedras pelo caminho, a escolha fosse outra, claro.
Novidades a caminho
Por último, vale dizer que uma nova geração do Fit deve ser apresentada na Europa no último trimestre deste ano. Pelo que eu soube, lá, ele terá uma versão híbrida. Quando chegar aqui no Brasil, provavelmente um ano mais tarde, deve trazer um novo motor, que pode ser um 1.0 turbo de cerca de 130cv e, certamente, um tantinho a de torque a mais que os cerca de 15 kgfm do modelo atual, o que deve deixá-lo mais ágil, econômico e, enfim, mais divertido.

Ficha técnica
Fit/WRV , Gas/Etanol – Dados do Fabricante
MOTOR
diant, transv, 4 cil 16 v, 1.497 cc, flex
POTÊNCIA/TORQUE
115/116 cv @6.000 rpm/ 15,2/15,3 kgfm @4.800 rpm
TRANSMISSÃO
Aut. CVT com op. man; tração dianteira
SUSPENSÃO
Ind. McPherson diant. e eixo de torção tras.
RODAS E PNEUS
16″ com pneus 185/55 R16/195/60 R16
FREIOS
discos dianteira e tambor traseira, com ABS e EBD
PESO (kg)
1.104/1.130 em ordem de marcha
DIMENSÕES (metros)
Comp. 4,09/4,00, larg. 1,69 /1,73, alt 1,53 /1,59, ent-eixs 2,53/2,55
CAPACIDADES (litros)
tanque 45; porta-malas 363 (1.045 bcos reb)
PREÇO (R$)
85.400/ 87.900,00

Henrique Koifman

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

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