5 de maio de 2024
Colunistas

A verdade, a relatividade e a radioatividade

Combinei comigo mesmo não mais falar de política e seu sinônimo, a bandidagem. Mas não tem pomada que dê jeito nesta coceira nos dedos, orelhas e olhos.
Comentários bobos sempre usam Einstein para dizer que, na vida, tudo é relativo. Pelo jeito, principalmente a verdade.
“A teoria da relatividade, de Einstein, baseada em estudos precedentes, aborda os fenômenos que ocorrem em deslocamentos de objetos que possuem velocidades próximas ou iguais à da luz”. Um exemplo? Os objetos voadores e identificáveis, dia 8 de Janeiro, no Palácio do Planalto, em Brasília.
Dia 21 de abril, terminei um texto, dizendo: “vocês eu não sei, mas eu sei o que aconteceu dia 8 de janeiro de 2023, aniversário de David Bowie, desde 30 de outubro de 2022”.
Na verdade, eu sabia desde o dia 7 de janeiro. Ou desde o dia 2 de outubro de 2022. Melhor, desde 1º de janeiro de 2003.
Para certas ações, fatos e acontecimentos, crimes; não precisamos de provas. Está na cara. Bastam 13 neurônios, sensatez, um pouco de memória e uns 69 gramas de raciocínio.
Hoje, no Brasil, uma mulher pode até ser homem e vice versa, mas a soma de 1 + 1 continua sendo 2.
Estou me lembrando de muita gente arrotando mortadela; falando, espalhando, escrevendo e aumentando a bola de neve da mentira que, segundo o dito popular, tem perna curta. No caso, pernas, braços e cérebros.
Estava na cara que, “gente como a gente” que passou recibo durante três meses, ingenuamente, em frente aos quartéis e nas ruas, pedindo educadamente, o que deveria exigir e receber prontamente; não iria, da noite para o dia 8 de janeiro, agir como vikings, Osama bin Laden e tratados a pão-de-ló.
Já tínhamos visto os verdadeiros manifestantes pedindo aos vândalos que não destruíssem. Vimos também que, em vez de quebrar, os mesmos patriotas, estavam limpando o estrago.
Já tínhamos visto e até identificado alguns dos verdadeiros bandidos, os chamados infiltrados; como diria Martin Scorsese.
Mas de que valeu garantir que a grama é verde, se o jardineiro e o dono do jardim decretam que ela é vermelha? Onde estão as provas e as teorias de Einstein comprovando a cor da grama? Afinal, “tudo é relativo” e manda quem pode, obedece quem tem juízo.
Traduzindo, obedece quem tem medo porque tem cu. E como deve doer ser enganado por quem você acha que está te protegendo; entrar como gado num ônibus – ou num trem nazista – achar que vai para casa e acabar preso, num “Ginásio de Concentração”, antes da penitenciária de verdade.
Não é por ser libriano, mas tenho pavor à injustiça e covardia. E para mim, o pior exemplo disso é prender um inocente. Quem paga o tempo perdido? Quem apaga tanto sofrimento? Não à toa, os filmes mais comoventes já invocaram este tema, infinitas vezes, sem cansar a plateia.
Resumindo, leões e cordeiros, algozes e vítimas sabiam de tudo. Uns planejaram e fizeram nada para evitar, outros sofreram tudo. Ainda sofrem! Gente! Temos presos políticos no Brasil democrático! Vejam o que estão fazendo com a vida do Anderson Torres que nem estava no Brasil! Chama o Batman! Vem meteoro!
O problema é que Batman é um Godot e os meteoros só gostam de dinossauros. De Dino, não.
O que faltava para o óbvio uLULAnte aparecer? Ameaçar o dólar? Tudo indica que sim. Quem fala demais dá bom dia a Putin e Xi Jinping.
Como estas imagens que, desde o dia 19 de abril, parecem radioatividade de Chernobyl, só apareceram agora?
E o melhor e pior. Se apareceram, nunca foram fantasmas ou delírio. Sempre existiram e estavam devidamente escondidas. Quem escondeu, provocou tudo isso e prendeu inocentes?
E que ladrão é este que filma o próprio roubo? Filmou para quê? Sadismo e burrice? Segredos só sobrevivem entre poucos cúmplices. Mas estes? Muita gente conhecia. E agora?
E as outras mentiras? E as eleições? E a censura, as prisões, perseguições? JK prometeu construir 50 anos em cinco. E quem destroi quatro anos em quatro meses?
Faltou uma rima no título de hoje: Maldade!
Quando eu, meus irmãos e meus velhos amigos éramos crianças pequeninas, em Campinas, nossos malvados favoritos eram os vilões do Batman, o Tião Gavião e os Irmãos Bacalhau; Dick Vigarista, o Mancha Negra e os Irmãos Petralha, perdão, Metralha; a Cuca do Sítio do Pica Pau Amarelo, as bruxas dos contos de fada, etc.
Anos depois, eu continuava cantando “João e Maria”, com o ex-Chico Buarque e a eterna Nara Leão. Porque eu era o herói e o meu cavalo só falava inglês. Eu enfrentava os batalhões, os alemães e seus canhões. Eu era também juiz e pela minha lei, a gente era obrigado a ser feliz. A gente não tinha medo porque no tempo da maldade, a gente nem tinha nascido.
Continuei caminhando, cantando e descobrindo, como Drummond, que minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
Isso porque eu não era náufrago, nem morava numa ilha deserta. Meu país das maravilhas era Gotham City.
Nunca imaginei que o Coringa ia vencer e transformar o dia em uma noite que não tem mais fim, me deixando louco a perguntar, o que é que a vida vai fazer de mim?
“The Horror, the Horror!”.

PS: Chega de drama e poesia, vamos rir! Cadê a Constituição?

Walter Navarro, Kinshasa, 24 de Abril de 2023

Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

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