Era uma vez, numa república de terceiro mundo, um mortal comum que resolveu que um dia seria o salvador da pátria e que acabaria com todos os problemas da sua nação, infestada pela corrupção, por mentiras e pelo desemprego.
E, com essa conversa, acabou mesmo chegando ao poder.
Passados uns meses, foi tomando gosto pela coisa e se transformou numa espécie de rei, especialmente quando se autocomparou ao rei dos animais. Através de um arauto, tornou público um filme em que ele aparecia como o senhor absoluto do pedaço, insinuando que seu gado, digo, seus apoiadores, estaria à mercê das hienas que representavam o Poder Judiciário e de outros animais da floresta nocivos a ele.
Isso, claro, provocou uma reação dos bichos responsáveis pelas instituições. Cientes do poder que lhes foi conferido, eles se revoltaram ao serem comparados com animais submissos, sem estirpe.
O rei da selva recebeu muitos aplausos por parte do seu rebanho, mas, por outro lado, os que não aceitam o comando de um único líder se revoltaram com a possibilidade de a nação ser guiada por um regime que ouviram chamar de ditadura de direita.
Diante da reação, o rei leão teve de pedir desculpas pelo ato.
Admitiu que a veiculação do filme não deveria ter acontecido e, achando que tudo já estava resolvido, saiu para tratar de outros assuntos.
Deixou para cuidar da sua selva quando voltasse da viagem que fazia pelo mundo, e foi se encontrar com um príncipe num país distante do seu.
Ficou tão impressionado com a riqueza e com a pompa com que foi recebido pelo herdeiro do rei que declarou abertamente seu entusiasmo por ele: “Todo mundo gostaria de passar uma tarde com um príncipe, principalmente vocês mulheres”.
A frase fez vir à tona o que já se sabia a respeito do caráter da pessoa em questão. Em seu país, o príncipe ditador persegue gays e mulheres, proíbe sinagogas e igrejas e o que mais lhe der na telha.
As mulheres, evidentemente, não gostaram do que ouviram do rei leão, e menos ainda a mulher do jornalista saudita esquartejado ainda vivo por ordem do regime imposto por ele, numa explícita demonstração de que quem pode, pode!
Mas, em êxtase, o nosso rei passou por cima dessas, digamos, mazelas do príncipe e ainda afirmou que tem certas afinidades com ele. (Entendemos!).
E quando essas declarações já estavam quase caindo no esquecimento, eis que nosso rei ruge novamente partindo pra cima de uma emissora de TV que divulgou um depoimento envolvendo seu nome num crime ocorrido na selva há mais de um ano. Vociferou e chacoalhou sua juba perante todos, passando a imagem de que com leão não se brinca e, sem medir palavras, acusou a emissora de estar fazendo “patifaria” por ter publicado a matéria.
Moral da história: o tempo passa, o mundo evolui (?) mas tanto os reis como os príncipes continuam sendo sapos.
É o brejo!
Mãe de filha única, de quatro gatos e avó de uma lindeza. Professora de formação e jornalista de coração. Casada com jornalista, trabalhou em vários jornais de Jundiaí, cidade onde mora.