25 de abril de 2024
Editorial

Paraíso de ladrões

Foto: Arquivo Google

Insensíveis ao clamor popular, talvez até pelo fato de enfrentarem as urnas só a cada oito anos, os senadores resolveram testar a paciência dos brasileiros e designaram para a CCJ 10 colegas citados na Lava-Jato. Presidindo a dita CCJ outro senador, também citado. Tal atitude é um desafio à vontade popular, que anseia pelo fim das roubalheiras. O que querem suas excelências? Acabar com a Operação Lava-Jato? Desmoralizar o Ministério Público e o juiz Sérgio Moro? Produziram ações que quebraram a economia do país. Colaborando com os maus brasileiros, o presidente Temer resolve nomear um ministro, também citado, procedendo da mesma forma que sua antecessora.
A delação premiada tem se mostrado uma ferramenta poderosa de combate ao crime. Com a delação de cúmplices, tem-se alcançado a desestruturação de poderosas organizações criminosas. Era de se prever que surgiria uma forte insurgência dos envolvidos que ocupam o topo da cadeia criminosa. Tentativas de alterar a legislação, para intimidar e tolher o trabalho dos agentes da lei, confirmam tais previsões. Enquanto bandidos jogam suas últimas cartadas, magistrados ressaltam que “imunidade parlamentar não é impunidade” e que “criminosos não passarão sobre os juízes do Brasil”. Só resta dizer amém e torcer.
A relação promíscua entre governo e empresariado nunca foi tão exposta no país graças à Lava-Jato. A corrupção vem desde o tempo da construção das pirâmides do Egito, mas de alguns anos para cá nunca tinha sido tão gananciosa a ponto de quase quebrar o nosso país. Tudo pelo poder e pela ganância de seus mandatários, onde a corrupção foi institucionalizada como forma de sustentar a governabilidade e para se locupletarem. O Brasil está tendo uma chance única de mudar a sua História.
Os governos petistas, principalmente o segundo, trouxeram recessão, destruíram receitas e empregos. O cinismo aliou-se à desfaçatez quando Lula pediu a sindicalistas que cobrassem de Moro a “estimativa” do suposto prejuízo econômico causado pela Lava-Jato. Com o impeachment de Dilma, outros atores assumiram o comando e afrontam a nação com os mesmos malfeitos. Tem razão o procurador Deltan Dallagnol: “Malfeitos não serão vencidos com a mudança de governos. Precisamos de sistemas e instituições saudáveis. A história nos mostra que a corrupção não tem cor ou partido.”
Facções criminosas? Não pensemos que acontecem apenas intramuros nos presídios. O Brasil está dominado por facções que tomaram o poder político nos mais diversos níveis, e tiveram sucesso em se apropriar da riqueza nacional em proveito próprio, indiferentes ao povo, que, ao fim, paga a conta da corrupção desenfreada. Os corruptos, que agiam impunemente, estão acuados. A hora do acerto de contas com Eikes, Cabrais e outros mais chegou. O brasileiro tem vergonha de o Brasil ser o paraíso de ladrões.

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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