30 de abril de 2024
Editorial

Os três caminhos ou os descaminhos

Foto: Arquivo Google

Todos os acusados de graves delitos, principalmente na Lava-Jato, adotaram um padrão de comportamento. Com falta de decoro, atrevimento e declarações imprudentes, passam a confrontar as evidências que comprovam seus delitos. Ao zombarem cinicamente da inteligência alheia, o que obtêm, além de repulsa e indignação? Enquanto bandidos dessa estirpe estiverem impunes, os mais elementares valores republicanos estarão degradados e os tribunais, desacreditados. É chegada a hora de mostrar que a lei vale para todos.
As delações foram subindo de nível, ou de andar, como preferirem e chegaram nesta semana ao mais alto cargo de nosso país. Sentar-se naquela cadeira tem sido difícil para os últimos ocupantes. Uma, mal assessorada, permissiva ou conivente, sofreu um impeachment. Seu substituto constitucional subiu um degrau e sentou-se na mesma cadeira e pouco tempo depois já está sendo foco de denúncias.
Primeiro foram alguns de seus ministros, réus na Lava-Jato, que tiveram que ser substituídos, mas agora, o escândalo chegou na mesma cadeira e desta vez autorizada e homologada pelo STF, logo, facilmente deduzimos que as provas juntadas na delação, deram ao ministro Fachin a convicção que ele precisava. Divulgando o conteúdo da delação, permite ao povo, tomar conhecimento do que estão fazendo com o nosso país, incriminando diretamente o senador Aécio Neves e o presidente Temer. Aécio Neves foi afastado e Temer…
Temer perdeu a governabilidade e, ao que parece, a vergonha. Veio a público dizer: “Não renunciarei”. Estou sendo vítima de conspirações e perseguição política (o mesmo bordão de sua antecessora). Só faltou dizer: “É golpe!”.
Temer deveria ter a grandeza de renunciar e abreviar o sofrimento da nação. Quando o país vê expostas as entranhas da corrupção que revelam a sordidez da atividade política, é importante que se respeite o ordenamento constitucional, pois, do contrário, o risco de caminharmos para nos tornarmos uma Venezuela é enorme. E que a sociedade manifeste a recusa em aceitar que qualquer político que estiver entre os investigados por corrupção se apresente como candidato à Presidência.
Na verdade, Michel Temer não tem ética ou dignidade para renunciar à Presidência. Sua conduta corrupta e criminosa é indefensável. Uma figura lamentável, que entrará para a História pela porta dos fundos como exemplo do que há de pior no país. Sugiro ao presidente fazer um curso intensivo com o ex-presidente Lula para aprender a técnica de desmentir evidências e desqualificar depoimentos e se proclamar o mais honesto de todos. Tem sido útil para o ex-presidente e parece que vai ser necessária para Temer. Trata-se de sofisticados malabarismos para reconstrução de uma verdade a partir de mentiras sistemáticas.
O futuro do país tem 3 caminhos: A renúncia, que não creio que acontecerá, já que falta hombridade à figura presidencial. O impeachment que é sempre um processo longo e, se iniciado agora, provavelmente estaria terminando junto com o mandato de Temer. E o último, mas não menos importante, seria o processo no TSE contra a chapa Dilma-Temer . Essa seria a saída mais rápida. O que me preocupa nesta hipótese é a eleição indireta, para um mandato-tampão, prevista na Constituição, mas ainda não regulamentada. Tenho medo dos candidatos e dos “eleitores”.
Meus netos me perguntaram ontem como podia alguém cometer um crime, mostrado na TV pra todo mundo e continuar livre? Como explicar a eles que o presidente tomou ciência de um ato de corrupção de relevância, considera o ato criminoso gesto de “solidariedade” e deixa de tomar as medidas cabíveis. Não tem a menor condição de prosseguir no cargo. Que vergonha!

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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