29 de abril de 2024
Editorial

A guerra de Lula contra o Banco Central

Sede do Banco Central em Brasília. Foto: Rodrigo Oliveira/Caixa Econômica FederalGoogle Imagens – Politize

Lula precisa descer do palanque e começar a trabalhar. As eleições acabaram. Seu discurso tem que mudar. É preciso reduzir seu ego de se sentir o melhor do mundo. Deixe os problemas econômicos para quem entende deles, abstendo-se de dar palpites, populistas e equivocados, sobre o Banco Central ou sobre qualquer área econômica do governo.

Chega de ficar se autoelogiando e achando que é o líder dos países vizinhos. Tem que pensar apenas no Brasil. Deixe de inventar obras em outros países, quando temos por aqui muitas obras a fazer, de forma urgente.

O que ele entende de economia para atacar frontalmente o excelente presidente do Banco Central (Bacen)? Um economista renomado, reconhecido internacionalmente e com um pedigree de fazer inveja a muitos. Aliás, vale lembrar como se compõe COPOM:

O COPOM é um órgão do Bacen formado pelo presidente e diretores do Banco Central do Brasil, além de outros agentes de departamentos ligados direta ou indiretamente à nossa economia.

Lula quer retomar um modelo econômico fracassado, além disso, o Bacen não controla o juro real, apenas estabelece a taxa nominal para conter a inflação. Ele deveria avançar na agenda de crescimento prometida na campanha eleitoral sob pena de estelionato eleitoral.

Repetir os mesmos atos que já se provaram ineficientes e perigosos, esperando que desta vez deem certo, é de uma estupidez à toda prova.

Armínio Fraga, aparentemente, o guru deste novo governo disse, claramente, que “… os juros estão altos, mas a solução para tentar reduzi-los não passa por declarações que reduzem a confiança dos agentes econômicos na capacidade do governo de manejar, de forma responsável, as contas públicas”.

Apesar de todo o esforço político de Haddad em promover um ajuste, todo o estrago feito pelo presidente com suas declarações vai na direção contrária.

Roberto Campos, presidente do Bacen, foi ao Roda Viva na TV Cultura e afirmou, claramente, que a redução da taxa Selic hoje, provocaria aumento nas expectativas de inflação, mas, obviamente, abriu uma porta para conversar com o Ministro da Economia e com o Presidente. Ele sabe que não dono da verdade.

Vale lembrar ao governo que o mandato de Campos Neto é de 4 anos, logo, em 2024 Lula poderá indicar o seu presidente do coração, e além disso, todas as vice-presidências e suas 9 diretorias… será que isso o acalmará? Certamente sim… aliás, o grande “muro” que não permite ao presidente nomear quem ele queira no momento de sua posse e negociação com o Congresso, deixou-o nervoso, afinal, são muito cargos de primeiro escalão do Banco e alguns até de 2o escalão.

Precisamos esclarecer uma coisa: O Banco Central não tem INDEPENDÊNCIA. Ele tem AUTONOMIA! Independência, têm, ou deveriam ter, os Três Poderes… a alteração do item constitucional qu estabeleceu esta autonomia, só pode ser alterada por uma PEC, portanto, necessita de quórum qualificado no Congresso e disso o governo tem medo… é ver pra crer.

Ao apagar das luzes deste editorial, o PSOL, sempre ele, apresentou projeto que acaba com a autonomia do Bacen. A proposta revoga os mandatos conferidos aos 9 diretores do Banco Central e torna o órgão uma autarquia subordinada ao presidente da República, cancelando a autonomia técnica, operacional, administrativa e financeira adquirida em 2021. É tudo o que Lula queria… mas não creio haver qualquer chance de prosperar este projeto.

É ver pra crer!

PS 1: – A indicação de Dilma para o banco do BRICS nos faz temer pelo critério que o presidente tem em suas indicações. Ela tem um currículo que dignifica sua capacidade de gestão, ou simplesmente ela tem o QI (Quem Indica) para indicá-la para o novo cargo neste banco? Vai morar na China. Que fique por lá!!!

PS 2: As ilegalidades das nomeações dos presidentes do BNDES, da Petrobras e da Conab continuam, pois o projeto foi aprovado na Câmara, mas ainda não no Senado, portanto, ainda está contra a Lei das Estatais EM VIGOR… cadê o STF? Onde está o ministro Alexandre de Moraes, tão cioso em defender a “legalidade” de atos do Executivo no governo Bolsonaro?

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *