Nossa economia, justamente quando estava começando a se recuperar, levou uma traulitada, como dizia minha avó, assim como muitos países, com o advento da pandemia.
Não cabe aqui discutir se o vírus existe, se foi fabricado, se a vacina é boa ou outra questão menor. Quero falar especificamente do trabalho da mídia.
Os jornais, rádios e TVs insistem em que a informação não basta, é insuficiente. Pra mim sua função é noticiar os fatos. As opiniões ficam para os articulistas e dos comentaristas. Não cabe aos âncoras de telejornais emitirem sua opinião, basta a eles, narrar o fato e deixar que o público forme sua opinião. Esta é a minha visão, não sou, obviamente, dono da verdade.
Imagem: Google Imagens – Política e Comunicação – blogger
Não me preocupo aqui em saber se um jornal ou uma Rede de TV tem a sua opinião própria e imponha a seus funcionários uma linha editorial. Isso é comum em qualquer meio de veiculação de notícias. Cabe ao funcionário aceitar ou não… não aceitando, como já vimos alguns por aí, até bem famosos, peguem seu chapéu e vão procurar trabalho em outro lugar.
Atualmente, os jornais e, principalmente, os telejornais expressam sua opinião de uma forma totalmente parcial e se prendem a detalhes inócuos. Nada contra a linha editorial, ela é necessária muitas vezes por conta de exigência de um patrocinador master, que exige aquela linha, mas há notícias que são simplesmente fatos e não precisam de sorrisinhos, suspiros, caras e bocas e nem de gestos tristes.
Outra coisa: a língua portuguesa. Já falei sobre isso há algum tempo. Elogios à própria equipe – a CNN é mestre nisso – não agrega valor à notícia que é o objeto importante. Como sou carioca, nascido, criado, formado e pós-graduado no Rio, algumas coisas me chocam.Algumas expressões do tipo: “eu queria saber QUAL QUE É a sua opinião sobre”… não existe “qual que é” na língua portuguesa… outra muito comum é: “vai vir”, esta então, me mata.
Eu sei que é difícil aos profissionais de Prosódia: Para quem nunca ouviu esta palavra, Prosódia é “a parte da gramática tradicional que se dedica às características da emissão dos sons da fala, como o acento e a entoação”. Simplificando: sotaque.
Isso é um trabalho fantástico. Porque cabe a estes profissionais fazerem com que os âncoras principalmente, mas também aos repórteres, usarem a linguagem mais genérica possível e não regional… nem com os chiados cariocas, nem com os “erres” e os “eintos” que os paulistas e/ou paulistanos usam: só exemplos: “porrta”; “casameiinto”. No caso carioca, o Bissscoito, o “mermo”… e assim vamos pelo país afora.
Saí do tema, mas retornando, desculpem…
O que tenho acompanhado é um monte de notícias insípidas, como por exemplo o número exato de contaminados por Covid-19, o número exato de vítimas em óbito, o número exato de leitos ocupados e/ou disponíveis. Não pelos números e nem pelos fatos, importantíssimos, mas pela forma como eles são exibidos. Vejam!
– o que interessa ao telespectador saber que temos, num determinado estado, 93% de ocupação em leitos de CTI? Vejam só, não são 92, nem 94. São 93%. Pra mim bastaria dizer que “temos uma ocupação acima de 90% nos leitos de CTI”. Ora, para o cara que está doente e precisando de um leito, Covid ou não, não interessa se são 91, 92, 93 ou 100%. Ele precisa de um leito e seguramente não lhe interessa o percentual de ocupação e sim um leito o mais rapidamente possível.
– mortes: este é um assunto especial: os números a seguir são exemplos apenas, ok? Chega a notícia: “Atingimos a marca de 257.483 óbitos de Covid”. A notícia é dada de forma que parece que o cara está comemorando!… e no fundo está, não pela tragédia em si, é claro, mas porque com esta informação ele vai se aproximar da linha editorial exigida pelo patrão/patrocinador, que é mostrar ao público que aquela situação é culpa exclusiva do governo. Aí, às vezes ainda vão além: “neste ritmo chegaremos a 300 mil mortes até o meio do ano”. Só falta o “Viva!” ao final.
É óbvio que o governo minimizou a pandemia, o que não é mentira, basta ver o número de contaminados e de recuperados. Mas a mídia não mostra os números pelo lado bom, ou seja, que apenas 2% (não precisa coloca 2,35789%) chegam a óbito. Isso não interessa a eles.
Entendam, eu não estou dizendo que o número de óbitos não deva ser noticiado. Apenas a forma de informar é que não precisa ser “comemorada” e nem precisa de décimos ou centésimos, porque não acrescenta nada. Se subiu em 10, 15 ou 20 mortes do dia anterior para hoje, basta dizer que o número subiu x%, ou então, que “morreram ontem 1.237 pessoas”. Qual a diferença para o telespectador se morreram 1.222 ou 1.436?
Agora sobre vacinação: Não adianta querer comparar o Brasil (240 milhões) com Israel (quase 9 milhões)…
“Israel já vacinou mais de 85,675% de sua população!!!”. Qual é a população de Israel? Qual a sua extensão territorial? Qual seu potencial financeiro? Dá pra comparar com o Brasil? Claro que não… a mesma coisa quanto ao Chile, exemplo na América do Sul.
É isso que eu quero dizer. Quando falar em números mostra um sucesso do governo, eles mostram percentuais. Quando o percentual mostra um sucesso, mostra-se números… sempre escolhem para mostrar o pior. Esta é a mídia que temos.
De forma alguma quero fazer disso um manifesto contra a mídia. Nunca!
O governo errou muito no enfrentamento da pandemia. Os hospitais de campanha, na minha opinião não deveriam ter sido desativados. Só quando tivéssemos leitos de sobra – o que nunca tivemos, mesmo sem estarmos em pandemia… em todos os hospitais faltam leitos, faltam médicos e pessoal afim. Sempre faltaram, com ou sem pandemia… então por que desmontar os hospitais de campanha? Nunca tivemos qualquer um deles lotado.
Só que isso não é erro somente do governo federal. A culpa deve ser dividida com os estados e municípios.
A politização da pandemia por alguns governadores é que causou o atraso na tomada de decisão no âmbito federal.
Digo sempre que a forma de dar a notícia é tudo e é assim que deve ser.
Rute Abreu de Oliveira Silveira 22 de março de 2021
A notícia pura e simples como ela deve ser, noticiada.
Os comentários fazem parte de um outro grupo de pessoas, as que comentam as notícias.
Se dermos chances para comentários dos “âncoras” dos telejornais, eles deveriam ser imparciais nos seus comentários, com críticas e elogios, que mostrassem os sucessos e os insucessos das ações governamentais e com o enfoque as vidas salvas, aos recuperados.
E o quê vemos???? Exatamente o que a charge mostra: o vírus que só falta sair da telinha para nos contaminar.
Triste ter uma mídia assim…
Rute Silveira
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