1 de maio de 2024
Colunistas Ricardo Noblat

Fala de Lula sobre a guerra divide seu lado e anima os bolsonaristas

Governo de Israel anuncia que é contra a criação de um Estado palestino.

Se desejava de alguma forma dar uma força ao comício do próximo domingo marcado por Bolsonaro para defender-se das acusações de golpismo, Lula conseguiu ao comparar com o Holocausto a guerra de Israel contra o Hamas e os palestinos da Faixa de Gaza.

Bolsonaristas que estavam recolhidos ou em relativo silêncio foram à luta nas redes sociais para malhar Lula, a esquerda em geral e defender Israel. É bom não esquecer que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, veio à posse de Bolsonaro.

E que Bolsonaro declarou que um dos seus primeiros atos de governo seria a transferência de Tel Aviv para Jerusalém da embaixada do Brasil em Israel. É o que Javier Milei, El Loco, presidente da Argentina, anunciou que fará com a embaixada do seu país.

Só que Bolsonaro terminou seu governo sem cumprir a promessa que tanto agradou a Netanyahu. Sem problema. Bolsonaro também prometeu ao filho Eduardo, deputado federal por São Paulo, nomeá-lo embaixador do Brasil em Washington, e não nomeou.

Acontece que o que disse Lula sobre a guerra, e que tanto irritou o atual governo israelense de extrema-direita, dividiu o seu próprio lado. Por exemplo: a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), da frente ampla que sustenta o governo, atacou Lula no domingo:

“Lamento profundamente o comentário feito hoje pelo presidente Lula. Comparar a guerra atual ao Holocausto, no qual 6 milhões de judeus foram sistematicamente assassinados pelo regime nazista, é errado e irresponsável. Falas como essas só alimentam o ódio”.

Imediatamente, ela foi repreendida pelo deputado Rogério Correia (PT-MG):

“Me permita polarizar com você, Tabata. O assassinato diário de crianças e mulheres desarmadas, cercadas como em um campo de concentração, é imperdoável, principalmente ao povo judeu que tanto sofreu nas mãos de Hitler, um populista de ultradireita”.

O governo de Israel aprovou uma resolução que rejeita a criação de um Estado palestino porque seria um “prêmio sem precedente ao terrorismo”. Netanyahu disse em dezembro que se orgulhava de ter impedido a criação até ali de um Estado palestino

Fonte: Blog do Noblat

Ricardo Noblat

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

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