19 de abril de 2024
Ricardo Noblat

À espera da prisão de Lula

Tudo que é sólido desmancha no ar.

Lula (Heitor Feitosa/VEJA.com)

Doze dias depois do julgamento de Lula em Porto Alegre, condenado a 12 anos e um mês de prisão, duas coisas parecem certas:
* evaporou o risco de os devotos do demiurgo do PT de incendiarem o país, inconformados com o que o futuro lhes reserva;
* o partido continuará a fingir que seu candidato a presidente é Lula e mais ninguém, embora comece a se mexer para encontrar outro.
Era previsível. Primeiro porque cresceu exponencialmente entre os brasileiros a opinião de que Lula é culpado de crimes e será condenado de outras vezes. Como ocupar as ruas e tocar fogo no país em defesa de um líder emporcalhado dos pés à cabeça?
Segundo porque a dependência do PT de Lula não acabará tão cedo, uma vez que ele comandou o partido com mão de ferro desde sua fundação e jamais favoreceu o surgimento de líderes de peso à sua sombra. A cultura autoritária da esquerda, mas não só dela, foi campo fértil para isso.
O PT espera uma nova oportunidade para demonstrar a força que ainda imagina ter, e ela virá quando o tribunal de Porto Alegre confirmar a condenação de Lula e mandar prendê-lo. Seria a ocasião ideal para reunir multidões inflamadas. Difícil que isso ocorra.
Lula está em acelerado processo de desgaste. Em julho de 2010, a poucos meses de eleger o poste chamado Dilma para sucedê-lo, 42% dos brasileiros diziam que votariam, com certeza, no candidato apoiado por ele. E votaram como se viu.
A pesquisa Datafolha da semana passada registrou que, hoje, apenas 27% dizem que, com certeza, votariam em um nome apoiado por Lula. 53% afirmam que um candidato que ele indique não terá seu voto. Para 54% dos entrevistados, Lula sabia e permitiu a corrupção no seu governo.
Ladeira a baixo. Sem volta.
Fonte: Blog do Noblat

Ricardo Noblat

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

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