28 de abril de 2024
Colunistas Ricardo Noblat

A paz americana no Oriente Médio inclui drones assassinos

Palestinos autorizados a trabalhar em Israel serão devolvidos a Gaza.

Com uma mão, os Estados Unidos acenam para a paz no Oriente Médio em convulsão; com a outra, pilotam drones e vão à guerra junto com Israel para esmagar o Hamas. Como se a decapitação do Hamas não pudesse dar lugar ao Hamas 2, 3 ou 4. Como se o uso de bombas fosse capaz de matar uma ideia.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, era esperado, hoje, em Israel para pedir ao governo do primeiro-ministro de extrema direita Benjamin Netanyahu pausas nos combates que já mataram em Gaza cerca de 9,1 mil palestinos, entre eles mais de 3,8 mil crianças. Do lado de Israel, são mais de 1,4 mil mortos.

Será o segundo encontro de Blinken com Netanyahu desde o início da guerra, em 7 de outubro, quando o Hamas invadiu Israel e sequestrou mais de 240 pessoas. Ao deixar Washington, Blinken disse que discutiria medidas concretas para minimizar os danos aos civis em Gaza. As digitais americanas estão nos danos.

Militares dos Estados Unidos estão a pilotar drones de vigilância sobre a Faixa de Gaza, de acordo com dois funcionários do Departamento de Defesa e uma análise feita pelo The New York Times. Autoridades disseram ao jornal que os drones são usados para ajudar nos esforços de recuperação de reféns.

É a primeira notícia sobre o envolvimento direto de militares americanos na guerra entre Israel e o Hamas. As aeronaves são MQ-9 Reapers operadas pelas forças de Operações Especiais dos Estados Unidos. Foram avistadas no sábado no Flightradar24, um site de rastreamento de voos acessível ao público.

Fontes do Pentágono disseram ao Times que as aeronaves estão ativas na área desde os dias após o ataque-surpresa do Hamas em 7 de outubro. Embora Israel realize voos de reconhecimento sobre Gaza, autoridades de defesa dos Estados Unidos dizem ser essa a primeira vez que drones americanos realizam missões em Gaza.

Os voos de vigilância desarmados não apoiam as operações militares israelenses no terreno, acreditam funcionários do Departamento de Defesa. Autoridades garantem que o objetivo é apenas ajudar na localização de reféns, monitorar sinais de vida e transmitir possíveis pistas às Forças de Defesa de Israel. Sei, sei…

Os militares americanos têm fornecido ajuda militar, incluindo bombas e munições de artilharia a Israel, e enviaram dois porta-aviões e centenas de soldados para o Oriente Médio. O MQ-9 foi projetado como o primeiro drone “caçador-assassino”. Pode permanecer acima de uma área por mais de 20 horas de cada vez.

O cerco a Gaza foi completado ontem à noite. O porta-voz dos militares israelenses, general Daniel Hagari, afirmou que os soldados “estão atacando postos avançados, quartéis-generais, posições de lançamento e infraestrutura de lançamento do Hamas e eliminando terroristas em combates cara a cara”.

Israel enviará de volta a Gaza todos os trabalhadores de Gaza retidos desde o ataque do Hamas em 7 de outubro. Cerca de 18,5 mil habitantes de Gaza tinham autorização para trabalhar em Israel, segundo o Cogat, o braço do Ministério da Defesa israelense que supervisiona as atividades civis nos territórios palestinos.

Contactado pela agência de notícias France-Presse, o Cogat não forneceu imediatamente o número de trabalhadores de Gaza que estavam em Israel quando o conflito começou. Esse número foi estimado pela mídia israelense em até 4 mil pessoas. O Gueto de Gaza está vivendo os seus dias mais trágicos.

Fonte: Blog do Noblat

Ricardo Noblat

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

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