De novo, nosso desespero, o gosto amargo da traição.
A desolação dos abandonados nos ninhos por quem julgavam que iria nos proteger sob suas asas.
Estamos entregues à nossa própria sorte ou azar.
O pior, desorientados, desconfiados até das nossas sombras.
Nesse momento, só a escuridão brilha e parece ser o caminho a seguir.
Saímos da euforia, da ilusão de sermos prósperos e livres, direto pata um calabouço de medos e angústias.
Não, nunca fui pessimista ou sombrio, tampouco, um idiota otimista.
A realidade que bateu nas nossas portas veio de mala e cuia para ficar sem aviso de tempo de estadia.
O que nos resta?
Alguns dizem, orar.
Confesso de joelhos, mãos espalmadas em riste, junto ao peito e apontadas aos céus, que até a fé e a esperança, em mim, se converteram em pó.
Triste sentimento esse, ilustra a enorme sensação de, pela primeira vez na vida, não saber para onde levaram o norte.
Que Deus tenha piedade de nós, se é que, de fato, existe Deus.
Paisagista bailarino e amante da natureza. Carioca da gema, botafoguense antes do Big Bang.