3 de maio de 2024
Colunistas Paulo Antonini

“Eram os Deuses Astronautas?”

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Passamos os últimos 30 anos fazendo pipoca e tomando Coca-Cola para assistir novelas que, sutilmente, viriam a subverter nossos valores e corromper nossa civilização.

Inocentemente, nos abraçávamos a nossos cônjuges e aninhávamos os filhos, a empregada, quiçá, até convidávamos amigos próximos para testemunharmos, todos juntos, o “Primeiro beijo gay na TV brasileira”.

Aceitávamos com a premissa que isto seria uma revolução no nosso atraso tupiniquim crônico.

Numa sucessão de temas e variados horários novelescos, nos enfiavam pela garganta, como um elixir mágico, sempre um estereótipo gay, fosse masculino ou feminino, estava lá o assunto sendo arranhado.

Após um bom tempo de estereotipados personagens representando o fantástico mundo das Barbies, introduziram o cidadão comum: o empresário, o músico ou a famosa estilista, feminina e delicada, nesse universo. Nada mais convincente representar seres da nossa cotidiana realidade se assumindo como tal.

Na esteira da subversão dos valores ocidentais, normatizaram o vilão como herói necessário para se escalar ao topo, o sucesso. Não importava mais os meios, sim, alcançar a finalidade.

A solidariedade coletiva, a comunhão das diferentes matizes da sociedade, dava lugar a agregação intencional no cultivo de guetos. Nascia, aí, “O nós contra eles”, que de fato, se tornou nós contra nós.

Onde estávamos que não nos demos conta da tremenda armadilha, da arapuca em que nos jogaram?

Usaram nossa moralidade, muitas vezes, enfadonha, repressora, para termos momentos de rebeldia inconsciente contra nosso próprio sistema civilizatório.

A cada beijo entre duas lindas personagens, nos víamos num orgasmo que nos fora censurado até então. Claro, um gozo mental, cênico, pictórico. Algo restrito ao mundo da fantasia, mas, nos movia… ao desastre.

Quando ouvíamos uma inocente Dercy Gonçalves, gritar tantos palavrões, que ecoavam nas nossas salas através das telinhas, nos sentíamos dando um grito de liberdade, uma vingança contra o opressor sistema.

Só, não dimensionávamos o tamanho dessa contradição, mas, eles, sim, capitalizaram esse incoerência e, homeopaticamente, foram nos escravizando.

Hoje, onde estamos?

Quais são os valores que ainda nos sustentam?

Desestruturaram nossa fé, nossa educação, nosso lazer.

Agora, sem o menor pudor, nada disfarçam, ou aceitamos ou somos cancelados.

Nos tomaram, até, nossos filhos e, nós, seguimos sentados no sofá, não mais com a família ou nossos empregados, restou a pipoca e a Coca-Cola, para apreciarmos, naturalmente, o noticiário de crianças sendo mortas em creches por vítimas de nossa ganância e egoísmo.

Como a professora esfaqueada que disse ter pena de seu algoz, pois este, não passa de um pobre renegado da sociedade.

Nos tornamos mulas sem cabeça, acéfalos primatas com machadinhas nas mãos.

Perdemos o poder da indignação, da revolta. Nos esquecemos quem somos e de onde viemos.

“Eram os Deuses Astronautas?”

Tragam a nave, nada mais tenho aqui para fazer.

Paulo Antonini

Paisagista bailarino e amante da natureza. Carioca da gema, botafoguense antes do Big Bang.

Paisagista bailarino e amante da natureza. Carioca da gema, botafoguense antes do Big Bang.

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