O Laboratório de Física Aplicada (APL), uma divisão sem fins lucrativos da Universidade Johns Hopkins, em Laurel, Maryland, nos Estados Unidos, criou a missão conceitual “Observador de Trânsito da Terra” para estudar nosso planeta como um exoplaneta e assim poder detectar possíveis alienígenas e mundos habitáveis no universo.
A missão foi discutida durante a Conferência Virtual de Ciência Lunar e Planetária de 2021 nesta semana e levantou a seguinte pergunta: o método que os pesquisadores usam atualmente para determinar se um planeta é habitável realmente funciona?
publicidade
“Pesquisadores de exoplanetas estão tentando fazer ciência planetária, biologia e ciência atmosférica com dados realmente ruins em relação ao que essas disciplinas conseguem realmente trabalhar. Não é que nossos dados sejam realmente ruins. É que temos que procurar as coisas de uma forma indireta”, afirmou Laura Mayorga, astrônoma de exoplanetas da APL, membro da equipe e autora principal em um artigo sobre a missão proposta no The Planetary Science Journal.
A equipe liderada pelo geólogo planetário da APL, Noam Izenberg, e pelo astrofísico da APL, Kevin Stevenson, propôs a ideia no Programa Pioneiros da Astrofísica da Nasa, que foi criado em 2020 para financiar missões astrofísicas com custos menores que US$ 20 milhões (R$ 113 milhões, na conversão atual). A missão não foi selecionada pela Nasa e será remodelada.
Uma imagem de 2007 da espaçonave STEREO B construída pela APL do cruzamento da Lua em frente ao sol. De forma semelhante, um novo estudo conceitual propõe estudar não a Lua, mas a Terra enquanto ela transita em nossa estrela em um esforço para determinar se o método de trânsito pode realmente determinar a habitabilidade de um planeta. Créditos: Nasa
Uma imagem de 2007 da espaçonave STEREO B construída pela APL do cruzamento da Lua em frente ao sol. De forma semelhante, um novo estudo conceitual propõe estudar não a Lua, mas a Terra enquanto ela transita em nossa estrela em um esforço para determinar se o método de trânsito pode realmente determinar a habitabilidade de um planeta. Créditos: Nasa
Para saber se outros planetas apresentam sinais de água, oxigênio e metano, atualmente os cientistas usam o método do trânsito, técnica usada desde 1999 que busca a leve queda na luz de uma estrela à medida que um planeta passa na sua frente. As moléculas da atmosfera do planeta absorvem certas frequências de luz da estrela e assim os pesquisadores aqui na Terra podem decifrar com base na luz que chega.
O problema, de acordo com Laura Mayorga, é que as estrelas produzem muita luz e esses sinais moleculares costumam ser minúsculos, menores do que 20 partes por milhão: “Se for apenas um corpo sem ar, nunca saberemos. Vamos apenas medir, medir e medir, e ficar tipo: ‘Por que é plano? Eu não consigo ver nada!’”.
A estratégia dos cientistas é amplificar esses sinais minúsculos observando o trânsito dos planetas dezenas de vezes, coletando medições espectrográficas a cada passagem. Eles então empilham essas medições, o que aumenta o sinal.
Para a astrônoma de exoplanetas do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, no entanto, esse método pode ser problemático pois trata o planeta e a estrela como corpos estáticos. “Isso obviamente não é verdade”, ressaltou ela.
Uma ilustração do método do trânsito, que pode detectar a presença de um exoplaneta rastreando a mudança no brilho de uma estrela. Desde 1999, esse método ajudou os cientistas a descobrir milhares de exoplanetas. Créditos: Nasa Ames Research Center
Em texto publicado em seu site, o APL deixa claro que a mudança das estações, a mudança dos padrões climáticos e o fluxo das correntes oceânicas afetam a atmosfera da Terra. E a atividade do Sol pode mudar drasticamente: às vezes está coberto de manchas e emite chamas poderosas, e outras vezes é silencioso e tranquilo. Qualquer uma dessas variações pode levar a detecções falsas dessas moléculas críticas.
“Tudo se resume ao problema de que você precisa conhecer suas estrelas, bem como antecipar a aparência de seu planeta. É um problema muito difícil”, completou Mayorga.
Observação da Terra a 1,5 milhão de quilômetros
A ideia então é enviar um pequeno satélite além de um ponto dinamicamente estável a cerca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra, chamado Ponto de Lagrange 2, aproximadamente onde o telescópio espacial James Webb, da Nasa, ficará. De lá será possível observar enquanto a Terra transita no Sol, coletando dados como se a Terra fosse um exoplaneta potencialmente habitável.
“Aqui, sabemos exatamente o que a Terra, suas nuvens e o Sol estão fazendo. Podemos então conectar isso com as observações não resolvidas que normalmente fazemos de exoplanetas e testar o método de empilhamento de observações de baixo sinal? É realmente para lá que queremos ir”, explicou a astrônoma.
“O sistema solar é o único lugar onde sabemos todas as respostas certas para as coisas. Podemos testar nossas técnicas, descobrir suas limitações e fazer conexões entre os resultados. Há uma pequena preocupação de que, se nunca fizermos esse estudo, nossos modelos terão que ser bons o suficiente para de alguma forma incluir tudo isso, e ainda não chegamos lá”, finalizou Mayorga.
Usamos cookies em nosso site para oferecer a você a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em “Aceitar tudo”, você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento controlado.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.