Quando a gente olha para a imagem abaixo, vê uma paisagem maravilhosa de montanha. Se prestar atenção, há carros e motor-homes. Certamente há motos e bicicletas. Isto é o alto verão nos Alpes Franceses e essa é a Rota dos Grandes Alpes (La Route des Grandes Alpes).
Adoro viajar de carro, principalmente pelas montanhas. Nunca havia ouvido falar sobre essa estrada. Quando visitei meu filho em Grenoble, em 2006, entramos num escritório de montanhismo e pedimos dica de um passeio bacana. Foi assim que fomos apresentados a ela. “É a mais bonita estrada dos Alpes” e “vocês serão levados às nuvens” nos disse o atendente.
Rota dos Grandes Alpes: visual de tirar o fôlego! (laroutedesgrandesalpes.com)
Com um carro alugado, sem celulares nem GPS, embarcamos nessa aventura. Eu ainda não tinha ideia do real significado de “chegar às nuvens”. Primeiro vou falar um pouco sobre a rota e depois contarei sobre nossa experiência.
A Rota dos Grandes Alpes começou a ser construída em 1909 pelo Touring Clube da França. O motivo inicial era promover o turismo de bicicletas, esporte amado pelos franceses. Sem contar com uma melhor comunicação entre os esparsos vilarejos de montanha. Quanto às bicicletas, hoje a estrada faz parte de uma das etapas do Tour de France, a mais prestigiada competição da categoria no mundo.
A partir de 1930 os automóveis foram permitidos na estrada, não antes dos fabricantes produzirem carros menores.
A estrada liga o lago Leman ao Mediterrâneo pelas montanhas, no sentido norte-sul, praticamente paralela e muito próxima à fronteira França/Itália.
Começa na cidade de Thonon-les-Bains, próximo à Genebra, e termina na cidade de Menton, próximo à Nice. São cerca de 670km de extensão, passando por vários conhecidos passos (ou cols como dizem os franceses), que são o ponto mais alto de uma estrada de montanha. O Passo de Iseran, por exemplo, com seus 2.770m de altitude, é o mais alto da Europa.
A estrada é assim, na maior parte do tempo: só natureza exuberante, pouquíssimos pontos de apoio como um restaurante ou café, nenhum posto de gasolina fora dos vilarejos, e estrada de mão dupla sem acostamento nem guarda corpo. Um perigo até para os ciclistas.
(Fonte: www.waa-ultra.com)
A estrada também pode ser assim, bem mais estreita e mais uma vez sem qualquer proteção. E é mão dupla por todo o percurso!
(Fonte: france-voyage.com)
Abaixo estão dois mapas da Rota dos Grandes Alpes, que passa bem próximo da fronteira França/Itália, e em alguns trechos chega a pouco mais de 5km de distância dela.
A Rota dos Grandes Alpes liga Thonon-les-Bains a Menton.
(Fonte: tourdetravoy.wordpress.com)
Mapa da estrada principal e de rotas secundárias (tracejadas). Nós começamos em Annecy, depois La Clusaz, Bourg St. Maurice, Valloire, Briançon e Barcelonnette. E de lá seguimos para Sisteron porque nosso destino final era a Provence já que sabíamos que tínhamos percorrido a parte mais bonita da Rota dos Grandes Alpes, que fica entre La Clusaz e Briançon.
(Fonte: www.tynevalleymtbcycling.co.uk)
Gráfico que mostra os diversos passes (cols) do percurso. O Col de Iseran é o mais alto da Europa com 2770m de altitude.
Fonte: mountains-rivers-and-rivieras.com)É uma estrada espetacular, não há a menor dúvida. Mas o que não contávamos era com a mudança repentina do tempo. É um problema das regiões montanhosas, o tempo muda com muita rapidez e frequência.
E é aí que começa nossa experiência fantástica porque gosto de aventura, mas assustadora porque tenho pelo menos um pouco de juízo!
Saímos de Annecy, que por sinal é linda, e pegamos a Rota dos Grandes Alpes. Tudo muito bem sinalizado.
O primeiro passo vindo de Annecy foi o Col de Aravis, a 1.498m de altitude.
(Fonte: Mônica Sayão)
No Col de Aravis ainda havia céu azul com algumas nuvens.
(Fonte: Mônica Sayão)
A estrada é toda muito bem sinalizada, com a placa característica da
“Route des Grandes Alpes”. (Fonte: fr.wikipedia.org)
Seguimos viagem e dormimos em Bourg-St-Maurice, uma cidadezinha bem simpática, de sete mil habitantes, num vale entre montanhas, popular entre turistas porque oferece esportes de inverno e de verão. Lá o tempo fechou abruptamente, com muito vento, temperatura baixa e chuva. Ainda não expliquei que estávamos em agosto, mais verão impossível. Há certeza de verão nos Alpes? Vi depois que não.
O trecho entre Bourg-St-Maurice e Valloire foi o da tal grande aventura: são 140km que normalmente são feitos em três horas, considerando que a estrada é mais estreita e com muitas curvas acentuadas. Ao sairmos de St. Maurice pela manhã a chuva passou a ser torrencial. Havia também neblina que nos impedia de enxergar qualquer coisa à frente do carro e pista escorregadia. Aliás, nesse dia, não cruzamos com nenhum carro pelo caminho por mais de duas horas. E fizemos o trajeto até Valloire em oito horas! Veja as fotos a seguir.
A famosa estação de esqui de Val d’Isère fica no caminho entre St. Maurice e Valloire. Era domingo, a cidadezinha estava vazia e tínhamos que continuar viagem.
(Fonte: Mônica Sayão)
Passo ou Col de Iseran vinha a seguir, não antes de subirmos a encosta da montanha às cegas, com o coração na boca.
O Col de Iseran é o mais alto da Europa. Meados de agosto com um pouco de neve caindo? Sim!
(Fonte: Mônica Sayão)
Depois do sufoco da subida até o Col de Iseran, a descida também não foi animadora, com chuva fina, estrada estreitíssima e abismo logo ao lado.
Dizia para o meu filho: “Se a gente despencar da estrada só vão encontrar nossos corpos em uma semana”.
Ninguém sabia que tínhamos escolhido essa rota e como disse antes, estávamos sem celulares. O jeito era rir para não chorar. E era o que fazíamos!
(Fonte: Mônica Sayão)
Parece que há um carro lá na curva… (Fonte: Mônica Sayão)
Passo ou Col du Gabilier: o segundo mais alto da Rota dos Grandes Alpes. Frio de
cortar a alma, vento impiedoso, mas a certeza de estar vivenciando uma aventura e tanto.
(Fonte: Alexandre Sayão)
Visual espetacular, mas ninguém à vista. Imagine num dia de sol, que lindo deve ser!
(Fonte: Mônica Sayão)
Quem disse que não havia ninguém? Nesse trecho da estrada só eles e nosso carro.
(Fonte: Mônica Sayão)
Cara de quem ainda estava preocupada… Vejam a estrada, que perigosa com chuva!
(Fonte: Alexandre Sayão)
Finalmente chegamos a Valloire onde pernoitamos nesse hotel. Foi um alívio!
(Fonte: Mônica Sayão)
Seguimos viagem em direção a Briançon e o tempo começou a melhorar. A Rota dos Grandes Alpes voltava a ficar mais larga e mais segura.
A partir de Valloire começamos a cruzar com mais carros e a estrada parecia mais segura. (Fonte: Mônica Sayão)
Finalmente chegamos a Briançon, uma cidadezinha medieval murada, que vale muito ser visitada.
Nesse ponto da estrada, a altitude era bem menor e o tempo mais seco e claro.
Daí por diante a estrada foi descendo em direção ao Mediterrâneo e nós seguimos em direção à Provence.
(Fonte: Alexandre Sayão)
Meu filho chegou a fazer a mesma Rota dos Grandes Alpes no ano seguinte. Foi outra experiência sem chuva, disse ele, apesar da estrada tão estreita e isolada.
Quando o francês nos disse que a Rota dos Grandes Alpes iria nos levar às nuvens… bem, entendi.
Ainda hei de voltar!
“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”
“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”
Querida M. Cecília,
Viajar realmente é maravilhoso! A gente tem a experiência na hora e depois pode guardar essas lembranças espetaculares!!!
Obrigada,
Mônica
Viagem maravilhosa apesar de aventureira . Como sempre suas anotações e fotos são espetaculares prendendo
Nossa atenção e viajando nas sensações . Rir pra não chorar é a melhor reação em momentos perigosos ! Sábio, além
de apaziguador . Qual
A próxima viagem
???
Minha querida Ana Marcia,
Com a carência de viagens por causa da covid, a próxima será a que primeiro se apresentar!
Tô até com saudades de fila pra entrar em avião, acredita???
Beijão e muito obrigada!
Mônica
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