Montenegro é um pequeno e lindo país, algumas vezes eclipsado pela vizinha Croácia. Mas é um destino imperdível para um bate e volta a partir de Dubrovnik, ou ainda melhor, para passar uns dois dias, principalmente no verão, para explorar as belezas da região.
Hoje vou falar sobre Perast, um vilarejo de sonho na Baía de Kotor. Nas próximas colunas falarei sobre Kotor, Buvda e Sveti Stefan. Essas quatro pequenas cidades são os destaques turísticos em Montenegro. Sem contar a própria baía, com seus fiordes, que é belíssima.
Um pouco da história recente de Montenegro:
Vamos começar com um mapa, assim a gente relembra que a antiga Iugoslávia acabou sendo desmembrada em seis países distintos independentes:
Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Sérvia e Macedônia. No mapa aparece também o Kosovo, que ainda é considerado uma região autônoma, e não um país, assim como Vojvodina, no norte da Sérvia.
Na realidade esses seis países e as duas províncias já existiam desde 1946, quando uma Assembleia Constituinte proclamou a nova divisão da Iugoslávia em seis repúblicas, já que a monarquia havia sido abolida durante a Segunda Guerra Mundial.
As repúblicas se mantiveram como uma federação socialista, sob o comando do Marechal Tito. Após sua morte em 1980 e a dissolução da União Soviética em 1991, as repúblicas começaram a lutar por suas respectivas independências. Foram confrontos sangrentos de 1991 a 1995, de triste lembrança para todos. O Kosovo declarou sua independência em 2008 mas até hoje o governo sérvio não o reconheceu. E a Rússia, aliada da Sérvia, também não.
Perast
Agora vamos ao nosso roteiro para um bate e volta a partir de Dubrovnik, na Croácia, com a ajuda de outro mapa abaixo para a gente se localizar.
O caminho mais rápido é o que está indicado, que dura por volta de 2h de carro até Kotor, que é o destino final. Perast está localizado 17 km antes de Kotor, são bem próximos. Então o passeio de dia inteiro vai sempre conjugar esses dois vilarejos vizinhos.
A baía de Kotor é enorme, na realidade são três baías de tamanhos diferentes, conectadas entre si. Seus fiordes não são tão impressionantes quanto os noruegueses, mas o conjunto encanta aos olhos.
É em suas margens que está Perast, um bucólico vilarejo com cerca de 300 habitantes. É o maior charme: o mar lindo de um azul profundo, rodeado por montanhas e em frente a duas pitorescas ilhotas, e mais a arquitetura antiga veneziana, incluindo lindos palacetes, completam um quadro muito especial.
Possui duas ruas paralelas, uma junto ao mar e a outra interna. Há vários restaurantes e cafés para a gente degustar a comida e o visual.
Há muitas igrejas, até se considerarmos o número de habitantes. O motivo é que Perast, assim como Kotor, foram, entre os séculos XV e XVII, incorporados pela poderosa República Veneziana, que dominava os mares Adriático e Mediterrâneo. Assim as duas cidades foram transformados em portos importantes, e com isso a prosperidade chegou para essa região.
As duas ilhotas em frente a Perast são: a de São Jorge (Sveti Dorde), ilha natural onde há um convento beneditino do século XII e a ilha artificial de Nossa Senhora das Rochas (Gospa od Skrpjela).
A ilha de São Jorge não pode ser visitada, infelizmente. A de Nossa Senhora das Rochas pode ser visitada e o trajeto de barco entre Perast e a ilha é bem bonito e rápido.
A história de como a ilhota foi criada é muito interessante: reza a lenda que dois pescadores encontraram uma imagem de Nossa Senhora sobre um recife no meio da Baía de Kotor. Um deles, que estava muito doente, ficou curado. Assim a notícia de um milagre se espalhou e os habitantes da região resolveram construir uma ilha de pedras onde a imagem foi achada, para transformá-la num santuário para a Virgem. Há outra versão: é só trocar o doente por um náufrago.
Perast é um lugar muito pequeno. Em 2h dá para conhecer o vilarejo, ir de barco até o santuário, tomar um café na volta, e depois seguir para Kotor.
Mas isso vai ficar para a próxima coluna.
“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”
2 Comentários