E sempre escrevo sobre ela e recomendo o livro “Portrait of a Marriage”.
A homossexualidade existe desde os primórdios da História. A Bíblia ao dizer “crescei e multiplicai-vos” sinalizou que era preciso povoar a Terra, o que um casal homossexual não poderia jamais fazer.
Muita gente morreu (e ainda morre nos estados islâmicos) e sofreu por amar alguém do mesmo sexo, muita gente resolveu ser padre para não ter de se casar, porque homens solteiros não eram bem-vistos pela sociedade.
Na Inglaterra, para resolver o problema, gays casavam-se com lésbicas e tinham até filhos. Estou relendo um livro maravilhoso, “Portrait Of A Marriage”, escrito, com a permissão do irmão, por Nigel Nicolson, filho de um casal assim.
A mãe, Vita Sackville-West, poeta laureada, romancista e paisagista, é um ícone para mim. Vita escrevia sobre jardinagem para o The Observer, numa coluna intitulada “In Your Garden” e seu jardim no castelo de Sissinghurst, um dos mais belos da Inglaterra, hoje pertence ao National Trust, uma entidade filantrópica que tem como seu mais influente patrono o príncipe Charles. O “National Trust for Places of Historic Interest or Natural Beauty“ preserva, para a posteridade, propriedades históricas, com visitação pública com entrada paga, para ajudar a manter e aumentar o patrimônio.
O casamento – feliz, diga-se – não impediu que o casal, com conhecimento mútuo, tivesse vivido vários romances com outros homens e mulheres ao longo dos 49 anos em que foram casados.
Entre os grandes amores de Vita, um deles, o mais duradouro e problemático, foi com a romancista Violet Trefusis, filha de Alice Keppel, amante de Eduardo VII. Com Violet, Vita viajava para Paris e vestia-se de homem. Outro, foi com a escritora Virginia Woolf, que com o marido participava do grupo literário Bloomsbury. O casal fundou em 1917 a Hogarth Press. Virginia Woolf , autora dos celebrados “ Mrs Dalloway” (1925), “To the Lighthouse“ (1927), escreveu para Vita, em 1928, “Orlando”, considerado o mais longo poema de amor, e que é uma das coisas mais bonitas que já li.
O filho de Vita não esconde, no livro, o amor e a admiração que sente pelos pais e diz que assim como há sexo sem amor, também há amor sem sexo.
Por isso, não entendo nem aprovo o grupo radical LGBT, que com sua falta de senso crítico e vontade perversa de afrontar, está fazendo grande parte da população desprezar uma busca da felicidade entre pessoas do mesmo sexo, ao vulgarizar a depravação, confundindo-a com amor, amor que existe independentemente do sexo de quem ama e que é uma das coisas mais inspiradoras do mundo.
Jornalista, fotógrafa e tradutora.