4 de maio de 2024
Colunistas Ligia Cruz

Trama capenga em curso

O 8 de janeiro não passa de uma pantomima desconectada e inexpressiva, criada para sepultar a reputação e trancafiar Jair Bolsonaro.

É mais um amontoado de peças desconexas, não pela falta delas, mas porque as principais foram omitidas pela cúpula do atual governo. É só para “fazer parecer” uma trama tenebrosa com todas as tintas para estampar a imagem de criminosa do ex-presidente. Em seguida caçar seus direitos políticos e prendê-lo. Parte do enredo já foi cumprido, visto que os direitos de candidatura já foram caçados, agora a CPMI no parlamento avança para consumar a vingança progressista contra a direita.

Mas a trama é capenga. É como esconder uma carta de baralho no meio do poker, para prejudicar o adversário. Porém, tanto faz por onde comece ou termine o jogo político porque os fatos não são verdadeiros, mas construídos com testemunhas compradas ou ameaçadas, sabe-se lá com quais critérios.

A peça principal, retirada do local do crime, no caso é o ex-chefe do GSI, Gal. G.Dias, que foi blindado pela justiça para não expor a coluna vertebral do golpe fajuto atribuído a Jair Bolsonaro. As pegadas e imagens do general aparece em inúmeras imagens de vários momentos. Inclusive franqueando o acesso de baderneiros e tratando-os com certa presteza e carinho, como quem está cumprindo um dever de anfitrião.

A obviedade por si só expõe a desinteligência de toda a armação. Primeiro porque G.Dias sabia com antecedência que viriam muitas excursões para a manifestação em Brasília, ato convocado pelas redes sociais, junto com os grupos que já estavam acampados na capital. E era só isso.

Mas os argumentos da sofrível peça teatral são tão pobres que até mesmo uma criança, com sua imaginação fértil, poderia contribuir com recursos mais criativos e sensatos.

A quem interessa toda essa trama desconectada senão aos articuladores do plano de prender e exilar o ex-presidente da vida pública? Se Bolsonaro tivesse a intenção de dar um golpe, não teria chorado rios de lágrimas em frente às centenas de pessoas acampadas de fronte ao Palácio do Alvorada. O fato é que ele sabia que não teria êxito em uma iniciativa do gênero, para atender às demandas de seus eleitores.

Nenhum chefe de estado, para tomar o poder à força, avançaria sem mobilizar tropas e equipamentos militares necessários e, muito menos, sem uma estratégia definida, em todas as capitais do país.

Visivelmente abatido e engasgado nas suas últimas aparições no arriamento da bandeira nacional no Alvorada, Bolsonaro já sabia que não teria o apoio dos generais das várias forças para dissolver as tensões, muito menos para levar a cabo um plano golpista.

Daí a dizer que Bolsonaro planejou o golpe na capital federal com seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid (que omitiu as jóias enviadas à ex-primeira-dama pelo sultão árabe, a troco de quê não se sabe), com seu ex-ministro, Anderson Torres, e, seus mais próximos escudeiros, lá de Miami, não dá para levar a sério, de tão primário. Até porque, as joias entram no critério personalíssimo, que permite a posse por parte do ganhador. Ainda mais ele que foi do exército e conhece os códigos de ética.

Do mesmo modo é primária também toda a sucessão de cenas no Alvorada. Quem sai de casa e não bate a porta ou checa para avaliar se está ou não aberta? Justo na primeira semana do atual governo todo mundo “pica a mula”, deixando as portas do Palácio abertas e “sem nenhum plano de segurança”, para depois colar nos manifestantes um ato nefasto de vandalismo gratuito. Nem mesmo Bolywood faria jus a um enredo tão péssimo e sem pé nem cabeça.

O fato é que até o momento, todos os factoides criados para prender Bolsonaro não se sustentam. A carteira de vacinação, as joias, a invasão do hacker estelionatário nas urnas eletrônicas, a apropriação de joias, nada disso contribui para provar uma tentativa de golpe contra a democracia.
Coincidentemente, Donald Trump, está passando por processo parecido, nos Estados Unidos. Não seria absurdo dizer que há um espelhamento na situação de ambos ex-presidentes conservadores, com a participação do órgão americano de inteligência.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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