9 de maio de 2024
Colunistas Ligia Cruz

Hermanitos, qué pasa?

Milei, Bullrich e Massa serão os principais candidatos a disputar a Presidência da Argentina no primeiro turno das eleições, em outubro Tomas
Cuesta/Gabriel Rossi/LatinContent via Getty Images – CNN Brasil

Não entendo a lógica dos argentinos. O candidato da situação e ministro da economia, Sergio Massa, está à frente do primeiro turno das eleições para presidente na Argentina. O sujeito soterrou o país sob uma inflação de 140% (pasmem!) e ainda leva uma vantagem de cerca de 10%, na apuração dos votos.
O que está acontecendo com o cidadão argentino, tão altivo e culto? Lá não tem urnas eletrônicas, é na base do papel. Mesmo assim, parece que o peronismo-kirchneirista resiste em naufragar e expandiu seus tentáculos para além da Casa Rosada. Nos tornou credores de dívidas de campanha, contraídas para bancar a vitória de Massa, o candidato da situação, através das mãos do petismo espúrio. Sequer nos perguntaram se concordamos com isso. Tanto lá quanto cá, não há limite de decência.
Será que a miséria faz com que as pessoas se tornem apáticas a ponto de entregar o país de bandeja nas mãos de velhacos sucessivamente? Já não basta o que está acontecendo e se repetindo de tempos em tempos, com as contas do país à beira do abismo da corrupção e da má fé?
O peronismo é um cancro produzido na América do Sul há 77 anos e é responsável pelo empobrecimento da Argentina, a ponto de nocautear covardemente a classe trabalhadora, com muita saliva e promessas vazias. Triste ver o país, que já figurou no elenco dos mais ricos do mundo, no estado de sucateamento em que se encontra.
A herança política deixada por Juan Domingo Perón, militar que governou o país por três mandatos, entre 1946 e 1974, só saiu de cena por motivo de falecimento. Mas o legado populista colocou na sucessão sua vice-presidente e terceira esposa, María Estela Martínez de Perón, conhecida como Isabelita Perón. Ela não conseguiu terminar seu mandato devido ao golpe de estado perpetrado por uma junta militar liderada pelo general Jorge Videla. O governo de Isabelita foi caótico e ela acabou acusada tardiamente, já no exílio, de terrorismo de estado, responsável por mais de 900 mortes.
Embora não tenha permanecido por muito tempo no poder, de 1976 a 1981, o sucessor da dançarina de Perón, Videla não deixou por menos. Governou com mãos de ferro e impôs ao país uma ditadura extrema e vingativa, com assassinatos e violações dos direitos humanos. Os militares que o sucederam permaneceram por períodos curtos no governo, cerca de um ano em média. Videla morreu no cárcere pelos crimes cometidos.
De lá para cá muitos militares e políticos civis, com viés populista, governaram o país. Néstor e Cristina Kirchner fundaram seu próprio clã de corrupção dentro do sistema peronista — o kirchneirismo.
A fragilidade da economia, sem lastro e ortodoxia, vem de longe e quebrou o país algumas vezes. Tempos em que se viu portenhos praticando escambo nas ruas para ter o que comer, visto que a moeda não tinha mais poder de compra. Atualmente, não está diferente. Para comprar um dólar são necessários mil pesos.
Pelo jeito, o povo argentino resiste em sair das garras dos corruptos já conhecidos — igual aqui. O tal partido Justicialista, que de justiça não tem nada, é correlato ao PT. Talvez, no segundo turno, em meados de novembro, haja uma chance de extirpar o peronismo do país. Será?

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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