9 de maio de 2024
Colunistas Ligia Cruz

Conflitos de interesses e pobreza

Com que cenário este ano de 2023 termina? Com um processo de “desarrumação” da ordem como reação aos avanços progressistas em vários países, que terão que lidar com as suas escolhas e convulsões sociais.

Até mesmo aqueles países mais organizados e ricos da Europa têm feito mudanças e se blindado para não capitularem diante das decisões tomadas anteriormente, como o acolhimento de imigrantes oriundo de zonas de guerras do Oriente Médio e África.

A Suécia recebeu no final de 2022 a renúncia de sua premiê social-democrata, Magdalena Andersson, como aceno à derrota progressista. Ela perdeu as eleições para o moderado Ulf Kristersson, que convocou o exército para conter o aumento da criminalidade de refugiados contra os cidadãos do país. Casos de estupro e violência têm sido reportados.

A Holanda também migrou para uma linha de conduta mais conservadora, após o líder progressista, Mark Rutte, permanecer 13 anos no poder. Isso revela que o conservador Geert Wilders venceu as eleições, como resposta às queixas dos cidadãos aos excessos do estado em dar garantias aos imigrantes em detrimento de seus próprios cidadãos. O novo chanceler promete prender e deportar refugiados islâmicos que cometam crimes no país.

A direita permaneceu 25 anos fora do governo e sem maioria no parlamento. A falta de uma correlação de forças, não fez bem ao país.

A Itália também mudou de posicionamento ao eleger no final do ano passado como primeira-ministra, a jornalista Giorgia Melloni, representante da direita no país. Polêmica, a premiê banca decisões anti-progressistas e tem debates acalorados com vizinhos “intrometidos”, como o presidente francês, Emmanuel Macron.

No meio dessas mudanças estão ficando pelo caminho aqueles que defenderam valores de abertura ampla ao acesso de imigrantes de orientação islâmica e oriundos de zonas de guerras africanas.

De outro lado, também há uma fuga consistente de ucranianos para fora do cenário de guerra, para países vizinhos. Contudo, segue o afã do presidente do país, Volodimyr Zelensky, de fazer parte do mercado comum europeu e ter acesso à Otan, para receber ajuda bélica e depois reconstruir o país destroçado. Só não haverá mais saída para os 400 mil cidadãos ucranianos mortos no conflito.

Zelensky já dá sinais de cansaço, a ponto de abandonar o posto para figurar em eventos internacionais, como fez na posse do presidente argentino Javier Milei. Tudo pela imagem.

Nada resolvido na Ucrânia em quase dois anos de guerra. Os países europeus e mesmo os americanos já demonstram impaciência diante das exigências de Zelensky. A conta está ficando pesada e, mesmo no risco de ter a Rússia mais próxima de suas fronteiras, há um limite no envio de recursos e depois ter Vladimir Putin em seus calcanhares.

A Rússia segue na volúpia de anexar territórios na ex-irmã, sob o pretexto de ter direitos históricos para fazê-lo. Vladimir Putin, não vai capitular. Ele nunca desiste de uma luta. É um dos senhores da guerra da atualidade. Basta ver o que aconteceu com a Chechênia. Ele “sufocou” os beligerantes.

E agora, para agravar a conjuntura mundial, ocorrem os ataques terroristas do Hamas em Israel, com a chacina, tortura e estupro de mais de 1.500 mortos entre adultos e crianças – fora os palestinos mortos na retaliação dos israelenses, cujos cálculos são superestimados, mas devem ultrapassar 12 mil.

Lá no mapa do levante, a Síria, o Líbano e Jordânia, para falar do entorno de Israel, todos seguem na sanha de expulsar os israelenses do seu território. Apenas a Jordânia e o Egito mantêm conversações. A guerra lá avança para dois meses e está longe de acabar.

Os Estados Unidos e o Reino Unido, parceiros de Israel de longa data, já enviaram navios e porta-aviões lançadores de mísseis, como o USS Eisenhower, para o Mediterrâneo. Isso, além de ser um moderno e potente porta-avião é uma demonstração de força, principalmente para o Irã.

O Irã meteu-se na guerra por estar, de forma contínua, aparelhando o partido libanês, Hezbollah para atacar Israel pelo norte, além do próprio Hamas. Até mesmo os houthis, grupo insurgente iemenita, que vem combatendo em uma guerra sanguinária no seu próprio país (em oito anos foram mortas cerca de 400 mil pessoas) estão bombardeando Israel. Os guerrilheiros do Iêmen prometeram atacar todo navio que atravessar o Mar Vermelho para ajudar Israell

Na África, os países do Sahel (faixa de terra entre o Saara e a savana), estão em guerra, devido à ruptura social e o que restou da influência francesa, desde o colonialismo. O governo de Macron não quer largar o osso na região devido à exploração das jazidas de ouro e urânio.

O povo africano está farto de corrupção. Água, terra e ar estão contaminados. Os golpes de estado têm sido comuns. Quando a situação se agrava, a França se intromete e manda a Legião Francesa para lá. São mercenários mantidos pela França, apesar de dizer que não. São os que fazem o serviço sujo.

Na África árabe, países como Líbia, Tunísia, além do Iêmen e países do chifre africano, vivem há tempos em guerras sangrentas. Mas esse é um capítulo extenso.

Como se esse quatro mundial fosse pouco, o comunista bravateiro, Nicolás Maduro, ameaça invadir a Guiana (antiga colônia inglesa), para reaver o território de Essequibo, que reivindica como seu. O que o ditador venezuelano quer são as riquezas minerais e o petróleo. Só saiu do trono porque o Irã e a China estariam na sua retaguarda. Pelo sim ou pelo não, o Reino Unido já desviou navios de combate para o litoral da ex-colônia.

O nosso digníssimo presidente que pretendia o Nobel da Paz, fazendo o camarada Putin e o judeu Zelensky selarem a paz, está calado. Então, boa oportunidade agora. A Venezuela está em frangalhos e corroída pela estupidez de Hugo Chávez e seu sucessor, Maduro.

Hora de parar esse trem desgovernado. O povo terá que enfrentar isso.Os próximos tempos serão assim, confrontos, convulsões sociais e pobreza.

E 2024 será muito pior!

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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