10 de maio de 2024
Colunistas Junia Turra

A vida imita a arte

PARIS.

Rua Nicolas-Appert, n° 10. Janeiro, 2015.

O prédio do jornal satírico francês Charlie Hebdo foi invadido numa ação programada.

Na ação relâmpago, 12 pessoas morreram e 5 ficaram feridas.

O motivo foi a edição Charlie Hebdo e charges de Maomé publicadas pelo jornal.

Grandes chargistas, redatores, cartunistas que por décadas satirizaram personalidades políticas, religiosas e do mundo artístico morreram.

O atentado foi assumido pelos sávelis, leia, Al-Qaeda. Foi usado um arsenal bélico que não deveria entrar num país e num continente que desarma os cidadãos e que representava o ápice da sociedade ocidental.

Entre as armas estavam Lançadores de Foguetes, Zastava M70 assault rifle, Escopeta, Tokarev TT, Škorpion.

Os primeiros a se manifestar repudiando o ocorrido, foram o Papa Bento XVI e políticos como Marine Le Pen, que foram capa da revista com charges pesadas.

O Charlie Hebdo surgiu há mais de meio século, na linha de esquerda e continua em circulação, mas a perda de grandes nomes do jornalismo e da arte satírica não tem preço .

Mais de 3 milhões e meio de pessoas foram às ruas de Paris protestar contra a violência ocorrida. Violência contra a liberdade de expressão.

Enquanto isso, no Brasil, onde havia ocorrido o episódio do rompimento da barragem de Mariana e ninguém foi às ruas protestar pelo fato , milhares de pessoas, nas redes sociais, subiram a Hashtag “Somos Todos Mariana”, dizendo que o mundo não olhava para o Brasil .

O mais espantoso era a crítica da quase totalidade das pessoas, que ainda não estavam divididas na polarização Esquerda x Direita. A opinião geral tinha a seguinte justificativa.

“Isso mesmo,justificativa para o atentado” .

-“Não se brinca com política, religião e futebol:

– Receberam o troco

– Só podia dar nisso”

Os franceses indignados foram às ruas. E quantos brasileiros saíram às ruas por Mariana?

E Brumadinho?

Que sirva de reflexão.

Charlie Hebdo, assim como a revista Titanic da Alemanha são referência de crítica, sátira. Assim como o Pasquim e tantos outros. Não gosta, não compra, não lê, não assine.

Moral da História: cuidado com o que você pensa, diz e faz para lá na frente não ter que morder a língua e engolir o próprio veneno e de boca fechada, sem poder dar um pio.

Evolua…

Junia Turra

Jornalista internacional, diretora de TV, atualmente atuando no exterior.

Jornalista internacional, diretora de TV, atualmente atuando no exterior.

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