17 de maio de 2024
Colunistas Joseph Agamol

“Quem vigia os vigilantes?”

Ontem tomei um Engov, tapei o nariz, enfim, cerquei-me de algumas precauções visando evitar alguma náusea, e acessei o Twitter, com intuitos meramente científicos.

É um ambiente virtual insalubre – e revelador.

Não posso dizer que fiquei chocado – pouca coisa me choca, em se tratando da estupidez da nossa época. Mas ainda me surpreendi, um tanto.

A imensa quantidade de pessoas – jovens, em sua maioria, mas alguns maduros, o que prova a máxima que afirma o envelhecimento dos canalhas – dedicados a apontar o dedo para causadores de ofensas, reais ou imaginárias, tanto se lhes dá.

Uma imensa turba cibernética munida de ancinhos e archotes virtuais, caçando – e cassando – “monstros”, culpados, em sua maioria, de ousar pensar diferente.

E tome de marcar os justiceiros virtuais da vez, com indisfarçável prazer em apontar seus dedos duros. A alcagueteria virtual não conhece quaisquer limites.

Não tem pejos.

Sua fúria acusadora só não é maior que sua ignorância: desconhecem que os carrascos que manejam as lâminas logo poderão voltar-se alegremente contra eles.

Mas aí será tarde demais.

Chegamos a um ponto em que a pergunta retórica – “quem vigia os vigilantes?” – já não faz mais sentido.

São todos vigilantes – profundamente orgulhosos de seu servilismo e burrice.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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