O bloco dos ofendidos despachou para o além os cartunistas da revista de Humor francesa Charlie Hebdo… Era novembro de 2015…
Eliminar aqueles que pensam diferente? Impedir a liberdade de expressão se não for igual a sua e a da sua turma?
Fale o que quiser, e escute o que vier. O direito de um termina onde começa o direito do outro e vice-versa.
Sem passaporte sanitário obrigatório.
Se você quiser tomar no bracinho, tome. Tome mil vezes se achar que procede. Mas não tente impor ao outro o que você acha ou acredita que é certo.
Então… Tome onde quiser e não encha o saco.
Trata-se dos Direitos e Garantias Individuais presentes na maioria das Constituições do Ocidente. Isso graças ao Positivismo Jurídico tão bem estabelecido pelo filosofo alemão Immanuel Kant.
(LEIA “A Ideia de Justiça em Kant”, Joaquim Carlos Salgado).
Em 2015, quando aconteceu o atentado na sede do Charlie Hebdo em Paris, comentários de brasileiros de esquerda, direita, centro, sem direção, passavam por essas máximas:
“não se fala de Futebol , Política e Religião”. “Tiveram o que mereceram”. E na sequência o “plantou, colheu”, “tinha que ter sido censurado”…
Mas bastava não ler. Não comprar nas bancas e livrarias, não entrar na página dos cartunistas. Se não gosta, ignore, boicote.
Justificar o “cala a boca fatal” contra a liberdade de expressão, é garantir o totalitarismo, as ditaduras, a execução sumária, o abuso contra o cidadão.
Lembre-se: a sua opinião é sua. Pode colocá-la na mesa. Mas não tente virar a mesa e impor aos outros as suas verdades absolutas.
Recolha-se à sua insignificância se você é do tipo que precisa diminuir alguém e subjugá-lo para dar um up e se sentir alguém.
A primeira capa do Charlie Hebdo após o atentado é a resposta que vai além das pequenezas:
“They Have weapons. Screw them. We have champagne” . Eles tem armas. Fodam-se! Nós temos champagne
Je suis Charlie Hebdo.
Jornalista internacional, diretora de TV, atualmente atuando no exterior.
