Estudos realizados por cientistas forenses das Universidade de Kamchatka e do Instituto de Pesquisas da Mente do Kalahari indicam que ouvir Sade libera generosas porções de endorfina, serotonina e dopamina no cérebro.
Mais ou menos como se você injetasse uma torrente de chocolate Lindt direto na veia.
Sério. Ouvir Sade me faz sentir cócegas por dentro, o corpo vai amolengando, amolengando, devagarinho, como se imergisse numa banheira de água morna com especiarias, cascas de laranja e cacau.
Eu não concebo emprego melhor do que ser músico de Sade, e contemplá-la, no palco, descalça, suma sacerdotisa, executando sua dança sutil, suave como sua voz felpuda e côncava.
O palco é o meio ambiente de Sade, esse felino fugidio de pele acobreada e olhos levemente oblíquos.
Eu disse “felino”? É isso: Sade é mais aparentada com os jaguares e pumas, pantera marrom nigeriana, a Deusa-Gato que sentiu pena de nós, pobres mortais, abandonou o paraíso e veio nos mostrar o caminho da alegria.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.