Por esses dias postei a foto de uma farofa carioca – não, não tem nada a ver com a antiga banda do Seu Jorge – que fiz e que teve um moderado sucesso, suscitando inclusive pedidos para que eu postasse a fórmula. Preparei agora de novo e resolvi mostrar o cuméquifaz.
A receita original veio de um antepassado meu, mestiço de portuga-milanês, membro de uma guilda medieval: mascate que oferecia seus produtos, especiarias diversas, embutidos, tecidos exóticos, enfim, de um tudo, vindos através da Rota da Seda, nas feiras de Lisboa, Milão, Alcácer e Roma. A fórmula original é um tanto complexa, admito, então aí vai a receita simplificada.
Ingredientes:
– linguiça calabresa de iaque. As melhores são produzidas pelos sherpas que habitam a região de Qinghai, mas, na falta dessa, podem ser usadas as dos iaques selvagens do Himalaia, mais fáceis de encontrar.
– tomates cultivados nos altiplanos de Parinacota, no Peru, colhidos durante o solstício de inverno, por virgens descendentes dos povos que habitavam a região. Talvez seja um pouco difícil encontrar as virgens, aviso logo. O resto é moleza. Cuidado com os brasileiros se passando por nativos.
– pimentões selvagens da Groenlândia: só florescem durante cinco horas de 31 de julho, que é a duração do verão groenlandês. Exige uma certa rapidez na colheita.
– ovos de Kookaburra (não, não tem nada a ver com política) que habitam a região das ilhas Aru, na Nova Zelândia. Se não tiver, servem ovos de casuar. Um só, que o bicho é grande como um avestruz e duas vezes mais malvado. Pegue o ovo e sebo nas canelas.
– bacon de Grande Cudu, que habita o parque do Mapungubwe. Não confundir com o Pequeno Cudu, endêmico da região de Mucusso. O cu… ops, o bacon do Pequeno Cudu é muito duro. Se achar difícil pronunciar o nome do parque, procure o Cudu que vive na região de Tsitsikamma, perto de Maputo.
Modo de preparo:
Unte uma frigideira com manteiga. Mas não de qualquer maneira, unte direito, como se estivesse besuntando com óleo o traseiro da pessoa amada. Frite a linguiça e o bacon. Depois acrescente o pimentão e os tomates picados, os ovos e a cenoura – é, leva cenoura, eu esqueci – e junte a farinha. Regue com bastante azeite. E voilà!!
É isso. Não requer prática, tampouco habilidade, qualquer criança brinca, qualquer criança se diverte.
Depois me conta o resultado.
Cuidado com o casuar e o Cudu.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.