

Há uns anos, quando eu ainda era um proto-escritor (meus detratores dizem que ainda sou hahaha), fiz um textinho comentando o Dia da Só-vou-levar-cinco-minutinhos-pra-me-arrumar.
De lá para cá, o que era apenas uma homenagem meio naïf tornou-se uma espécie de palco de um verdadeiro experimento sociológico, no qual marcam presença desde agressivas discordantes que dizem que “dia da muié é todo dia, ô!”, até as tiradoras de sarro que deixam a chave do Pix para o presente.
Ao fim e ao cabo, o texto é – ou deveria ser – apenas isso mesmo:
Uma homenagem de um homem que ama e admira a mulher.
Segue o texto.
“Suspeito que, nas mulheres, a Evolução tomou um atalho.
Porque, antes de qualquer coisa, são mais inteligentes e espertas – no melhor sentido da palavra esperteza – do que os homens.
Costumam ler muito mais (e antes que algum espertinho diga que muitas são assíduas frequentadoras de sites de fofocas e páginas de horóscopo, isso está longe de ser característica feminina, viu?!). Por conseguinte, escrevem e falam melhor.
Veem mais e mais longe. Tudo. Desde distinguir uma gama mais ampla de cores até enxergar uma potencial (e muitas vezes imaginária) rival.
São um pouco mais fracas fisicamente, é verdade. Mas quem precisa de força quando nos derrotam fácil – e impiedosamente – com uma promessa, uma dúvida de Capitu, um beijo – ou tudo isso junto?
Quando querem usar armamento pesado, proibido pela convenção de Genebra, nos mordem na nuca ou nos arranham delicadamente – como para nos deixar perfeitamente cientes dos seus propósitos. Ou de sua força, como se o dissessem: “eu poderia, facilmente…” Ou para delimitar seu território.
(A última afirmativa é mais verdadeira. Ou todas são. Sei lá.)
Movem-se sempre com graça. Sempre. Por isso, evitam correr atrás de ônibus, trens do metrô… Movem-se sempre com precisão. São leoas caçando nas savanas ou águas-vivas dançando no oceano. Podem ser tão mortais quanto.
São seres poderosíssimos, mas podem ser vencidas: chocolate, acompanhado de uma boa massagem nos pés e elogios – se possível, sinceros – é kryptonita para elas.
Querem maior prova dessa superioridade evolutiva do que o fato de nos aceitarem por perto, mesmo não precisando absolutamente de nós? Já que servimos basicamente para exterminar baratas, abrir potes de geleia diet – ô troço difícil, viu?! – , trocar lâmpadas e – last but not least – fornecer alguns orgasmos de qualidade?
Desconfio que, nas mulheres, a evolução tomou um atalho.
São mais próximas dos felinos que dos primatas – basta ver uma mulher se espreguiçando pela manhã.”


Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.