29 de abril de 2024
Colunistas Joseph Agamol

O tempo a passar

Hoje reouvi “As Time Goes By”. É impressionante a distância que separa essa canção de 99% de tudo que é produzido hoje e que chamamos, à falta de nome melhor, de “música”.

É como se “As Time Goes By” fosse, sei lá, de uma espécie diferente – quase como se comparássemos uma borboleta com um rinoceronte. “As Time Goes By” é MÚSICA. Os tais 99% produzidos hoje em dia são outra coisa. Rinocerontes.

Eu ouço “As Time Goes By” e entro, imediatamente, em uma dimensão paralela, onde tudo é sutil, delicado, elegante: gestos, roupas, movimentos, sentimentos, amores.

Algumas coisas não mudarão jamais. Um beijo será sempre um beijo, Sinatra sempre será Sinatra, ainda que o ouçamos às escondidas, em algum obscuro futuro distópico – onde o sublime será proibido. “Casablanca” será sempre “Casablanca”, onde Sam será convidado a tocar por Ingrid Bergmann, por todas as horas douradas de todas as eternidades inquietas.

“As Time Goes By”, felizmente, sempre existirá, para nos lembrarmos que o belo existe, resiste e vencerá, em triunfo, enfim, sobre a vileza, a vulgaridade e a feiura explícita que tentam nos impingir.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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