Vivemos talvez o ápice da cultura do simulacro. Quando o que está à mostra é mais relevante que o não se pode ver, quando o que se exibe à luz dos holofotes é mais importante do que o que se pensa, quando o glacê é vendido como mais saboroso do que o bolo.
Tive vários exemplos disse esses dias – um amigo postou uma piada em sua rede social e foi logo atacado por um militante sem senso de humor. O ataque não foi para defender o motivo da piada – mas para ostentar bom-mocismo.
O caso da cantora que surgiu com o rosto quase desfigurado por excesso de procedimentos estéticos em uma cerimônia de premiação talvez seja um caso clássico.
A aparência um tanto disforme da moça foi logo defendida por uma legião de crentes da seita da falsa Virtude – essas pessoas sabem que o que estão vendo é algo quase anti-natural, mas defendem a naturalização do grotesco, não por acreditarem verdadeiramente nisso, mas para exibir uma superioridade moral que absolutamente não possuem.
O simulacro é, segundo uma definição simples, uma imitação, uma representação artificial da realidade – uma cópia grosseira.
Segundo Aristóteles, a Virtude é algo que deve ser praticado dia a dia para que se torne um hábito.
Quando é o simulacro que se torna uma disposição para um novo hábito, quando uma sociedade o coloca no altar da Virtude… talvez seja um sinal de que há pouco a ser salvo nela.
Não à toa, outra definição de simulacro é:
Representação de uma divindade pagã.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.