8 de maio de 2024
Colunistas Joseph Agamol

O Brasil se decompõe, lentamente, sob o sol de seu verão eterno

Esses dias passei por mais duas situações que comprovam a rápida degradação do nosso país.

Cena 1 – fui à Swift comprar um pouco de hambúrguer. Aproveitei e pensei em repor o tempero à base de cebola, alho e sal. Não achei no stand destinado a ele. Perguntei ao atendente:

  • acabou o tempero de cebola, alho e sal? – eu disse, ingenuamente esperando uma resposta na linha do “vou procurar!”
  • não está ali na parte de temperos?
  • se eu perguntei se acabou, é porque não tem lá, disse, com um sorriso para amenizar minha impaciência.
  • então acabou!

Pronto. Só isso. Nada de “vou dar uma olhadinha no estoque!”, ou nem mesmo aquela procurada mandrake, tipo o goleiro que vai na bola mesmo sabendo que não vai pegar.

Fui até o caixa e – voilà! – lá estava o tempero, junto com vários outros, ao lado do balcão.

Cena 2: passei em frente à loja da Cacau Show – ou Brasil Cacau, eu nunca sei qual é qual – e bateu a vontade de comer um panetone clássico, de frutas. Sei que as lojas supracitadas não são o local indicado, uma vez que sua matéria prima é o chocolate. Mas tentei assim mesmo. Perguntei à atendente:

  • Oi! Por acaso você tem panetone-panetone, de frutas?
  • Não.

Assim, secamente, sem nem uma olhada ao redor – o goleiro que pula na bola, lembram?

Pois EU dei a olhada ao redor e – voilà! – numa das prateleiras inferiores, estava lá, o panetone de frutas.

Entreguei-o à atendente, sem uma palavra, apenas um sorriso que – eu tentei – não tinha um pingo de ironia. Ela sequer percebeu, provavelmente achando que eu tinha desistido do panetone clássico e decidido pegar um chocotone.

O Brasil padece de um estranho mal. Uma lassidão, uma sonolência, um torpor, uma espécie de tanto-se-me-dá coletivo, onde cada um cumpre suas tarefas de forma penosa, rarefeita como o ar das grandes altitudes, onde os seres vivos parecem eternamente sem fôlego.

No Brasil, hoje em dia, parece que a única coisa que está em franco crescimento, em desenvolvimento acelerado, é o banditismo.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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